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Como montar um projeto de captação de recursos para a sua organização social em 4 passos

Como montar um projeto de captação de recursos para a sua organização social em 4 passos

Como fazer um projeto de captação de recursos em 4 passos

Imagine que você está andando na rua e alguém te aborda pedindo dinheiro para uma organização social. O que você perguntaria?

Provavelmente, quem seria beneficiado pela doação. Idosos? Crianças?

Talvez perguntasse como eles seriam beneficiados. Com ações de educação? De saúde?

E se nada disso estivesse claro, você doaria?

Essas e outras respostas sobre uma ação social devem estar reunidas em um projeto, o qual tem que ser elaborado antes mesmo do primeiro pedido de dinheiro.

Um projeto de captação de recursos reúne, de forma planejada, todos os elementos de uma ação: do início – a justificativa – até o fim – a última linha de gasto previsto.

É muito importante que você invista seu tempo em elaborar um projeto de qualidade, que dê segurança ao doador e gere benefícios efetivos a quem você atende.

Vamos dar uma olhada em como elaborar esse tal projeto?

O que é um projeto?

Como fazer um projeto de captação de recursos - o que é

No ambiente do Terceiro Setor, a palavra “projeto” pode ser usada com significados diferentes. O primeiro é como a abreviação de “projeto social”. Depois, o termo também se aplica como um sinônimo de organização social.

Talvez você já tenha ouvido a frase “O Médicos Sem Fronteiras é um projeto social que ajuda pessoas no mundo todo!”. Esse uso não está certo e NÃO é o que vamos adotar aqui.

O sentido que vamos abordar se trata do seguinte: um projeto consiste no planejamento de todos os aspectos de uma ação social prevista por uma oganização social.

Assim como uma empreiteira pode ter vários prédios sendo construídos ao mesmo tempo, uma instituição pode ter vários projetos ocorrendo paralelamente.

Mas o que constitui, exatamente, um projeto?

São cinco aspectos!

1.Um projeto é único

Um projeto é um evento que não poderá se repetir. Acontecerá apenas uma vez, pois há especificidades que são só dele.

Se a sua organização social tiver, por exemplo, um projeto de aula de português para crianças, ele será único.

O projeto pode até se repetir ano após ano, mas serão necessárias adaptações. No mínimo, uma adaptação de calendário. Talvez você precise também ajustar o local de aplicação, quantidade de beneficiários, custo etc.

De uma forma ou de outra, ele não vai ser repetir. É único.

2.Um projeto tem início e fim definidos

Qualquer projeto tem data para começar e data para terminar. Há casos, como em algumas leis de incentivo, em que um projeto pode ser estendido por sobra de recursos.

Porém, no planejamento, a temporalidade inicial deve estar prevista.

3.Um projeto tem objetivo claro e viável

O principal elemento de um projeto é o objetivo.

Um projeto quer transformar alguma realidade, levando do “ponto A” ao “ponto B”.

Ele pode ter como objetivo, por exemplo, levar educação para 100% das crianças de até 5 anos no Brasil. Esse é um objetivo ambicioso e requer muitos recursos e organização para ser viável. Provavelmente somente poderá ser executado pelo governo.

Um objetivo menor seria dar aulas de reforço escolar para 100 crianças de um vilarejo. Bem mais simples.

Independentemente do tamanho, o fundamental é que um projeto tenha um objetivo claro e viável.

4.Um projeto é progressivo

Por mais simples que seja o objetivo de um projeto, você não vai chegar lá de uma hora para outra. São necessárias etapas para atingi-lo, como se fossem degraus de uma escada.

Essas etapas são interligadas e vão se sucedendo ao longo do tempo, possibilitando uma conquista progressiva.

Para levar aulas de reforço de português para 100 crianças de um vilarejo, por exemplo, você precisa primeiro recrutar os professores e as crianças. Depois, buscar um lugar para dar as aulas. São tarefas que vão tornando o objetivo cada vez mais próximo.

5.Um projeto tem delimitação de recursos

Qualquer projeto tem um custo. Mesmo que não seja financeiro, o que é raro, ele demanda pelo menos tempo e esforço de pessoas. Sendo assim, é essencial que você faça um levantamento muito criterioso para entender os custos de um projeto antes de executá-lo.

Conseguir os recursos necessários é um passo necessário para tirar qualquer projeto do papel.

Por que montar um projeto para captar recursos?

Como fazer um projeto de captação de recursos - por que

Captar recursos, como você já deve saber, não é fácil. O doador transfere recursos financeiros para uma organização porque tem confiança de que ela vai promover algum tipo de transformação. E essa confiança não é simples de conquistar.

Um projeto bem feito pode facilitar a sua vida nessa árdua tarefa de captar recursos. Quer saber por quê?

Projetos dão segurança ao doador

Para qual das duas propostas você doaria: R$ 1 mil para a instituição X levar vacina de catapora a 50 crianças do interior da Bahia ou R$ 1 mil para a instituição Y pagar dívidas com um banco?

Se você é como a maioria das pessoas, preferiria a primeira opção.

Por quê? Porque nela há uma proposta clara, derivada de um projeto bem formulado.

Um projeto bem feito mostra ao potencial doador o que a organização pretende fazer e como. Isso dá a ele segurança de que os recursos serão bem utilizados e promoverão a mudança desejada.

Projetos te ajudam a se organizar

O cotidiano de uma organização social, como você bem sabe, é muito dinâmico. Muitas são as dificuldades e as emergências.

Neste contexto, é muito fácil perder o foco e se dedicar a atividades pouco produtivas.

Um projeto bem estruturado é como uma trilha, que vai te permitir caminhar nessa trajetória sem perder de vista os objetivos.

Projetos te ajudam a entregar os resultados pretendidos

“Se você não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”. Talvez você já tenha ouvido essa frase. Ela fala sobre a importância do planejamento, de saber o que fazer antes de agir.

A razão de ser de uma organização social é o impacto positivo que ela gera. Porém, muitas vezes essa transformação não é mensurada. O trabalho é executado sem se saber, ao certo, qual o resultado que ele gera.

Por isso os projetos são importantes, eles ajudam a saber por onde ir e, principalmente, se a intenção chegou no lugar certo.

Tipos de captação de recursos

Como fazer projeto de captação de recursos -tipos

Uma das razões para se formular um projeto é facilitar a captação de recursos financeiros.

Mas que recursos são esses? Onde eles estão?

Um dos erros mais constantes das organizações sociais na captação de recursos é escolher uma estratégia sem antes ponderar as outras possíveis.

E elas são muitas.

Recursos financeiros podem ser acessados de formas variadas, como realizando eventos, participando de editais ou fazendo campanhas junto a empresas.

Para facilitar a exposição desses caminhos, vamos dividi-los em três.

Captação de recursos privados

Esta é, talvez, a fonte de recursos mais conhecida pelas organizações sociais, e a que mais estratégias oferece.

Recursos privados são aqueles provenientes de empresas ou de indivíduos, que doam voluntariamente para uma organização.

Mas quais estratégias permitem acessar recursos privados? Conheça oito delas:

  1. Telemarketing: busca de recursos através de ligações telefônicas realizadas, na maioria das vezes, a partir uma central. Estratégia famosa na década de 1990, mas que tem perdido força.
  2. Editais privados: chamadas públicas abertas por pessoas jurídicas que selecionam ONGs para receberem um recurso ou premiação previstos.
  3. Financiamento coletivo pontual: campanhas realizadas pela internet com temporalidade definida. Elas captam valores variáveis de uma grande quantidade de doadores uma única vez e são popularmente conhecidas no Brasil como “vaquinha”.
  4. Financiamento coletivo recorrente: campanhas realizadas pela internet sem temporalidade definida. Captam valores variáveis de uma grande quantidade de doadores, cuja doação se repete mensalmente. O modelo é semelhante aos programas de sócio-torcedor de clubes de futebol.
  5. Grandes doadores: indivíduos de alto poder aquisitivo doam, sem contrapartida fiscal, valores superiores a R$ 10 mil por ano.
  6. Face-to-face: refere-se a grupos de pessoas que vão às ruas buscar recursos diretamente com indivíduos, pedindo dinheiro “cara a cara”.
  7. Doação direta de pessoa jurídica internacional: doação de empresas, institutos, fundações ou organismos internacionais feita diretamente para a organização social, sem necessidade de editais.
  8. Doação direta de pessoa jurídica nacional: doação de empresas, institutos, fundações ou organismos nacionais feita diretamente para a organização social, sem necessidade de editais.

Captação de recursos governamentais

Esta é a fonte de recursos tradicionalmente mais acessada por organizações sociais de cidades do interior.

Recursos governamentais são aqueles repassados diretamente do governo. Para realizar essa captação, existem três estratégias:

  1. Emendas parlamentares: recursos enviados para as organizações sociais através de emendas apresentadas por deputados.
  2. Termo de Fomento e Termo de Colaboração: contratos firmados entre o ente público e as organizações para execução de um projeto previsto. Termos de Fomento ocorrem quando a organização pede recursos públicos. Termos de Colaboração, quando o governo faz o oferecimento.
  3. Leis de incentivo: leis específicas que permitem a empresas e pessoas físicas doarem com abatimento fiscal. Uma vez que o valor doado deixa de ser arrecadado pelo governo, pois é abatido de impostos, considera-se que seja a doação de um recurso público.

Captação de recursos através de geração de renda

Apesar desta ser a fonte menos conhecida de captação de recursos, suspeita-se que seja a maior responsável pela sustentabilidade das organizações sociais hoje no Brasil.

Geração de renda é o conjunto de estratégias que produzem resultados financeiros positivos a partir de uma atividade econômica desempenhada por ela.

Há sete formas da instituição gerar resultado financeiro positivo:

  1. Licenciamento: a organização cria um personagem e escolhe empresas para venderem produtos com a imagem dele, pagando royalties.
  2. Fundos patrimoniais: montante de recurso financeiro de propriedade da organização, investido em conformidade com a legislação específica. O rendimento é utilizado pela instituição.
  3. Aluguéis: recursos provenientes de imóveis de propriedade da organização, os quais são alugados para inquilinos.
  4. Eventos: realização de eventos com 100% da renda revertida para a organização social.
  5. Serviços: prestação de serviços pela organização, como consultoria, por exemplo.
  6. Produtos: comercialização de produtos que são produzidos internamente ou vêm por meio de doação.
  7. Marketing de causa: campanhas realizadas em parceria com empresas. A empresa usa sua capacidade de gerar recursos e a organização cede a imagem e o propósito

Quer conhecer mais sobre diferentes fontes de captação e ouvir pessoas experientes falando sobre elas? Conheça a Trilha da Captação Inteligente e faça seu cadastro gratuitamente para acessar 10 entrevistas com referências no processo de captação de recursos:

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Como estruturar o seu projeto de captação de recursos na prática?

Como fazer um projeto de captação de recursos - passos

Agora que você viu que ao montar um projeto suas chances de captar recursos aumentam, é hora de partir para a ação!

A seguir, confira quatro passos para elaborar o seu próprio projeto.

1º passo: Definir o problema

A primeira pergunta a ser respondida é: o seu projeto precisa MESMO existir? Ele busca resolver um problema real ou apenas um incômodo seu?

O momento de montar a justificativa é o de olhar para fora. Tirar um pouco o foco da organização e colocá-lo no mundo para compreender o problema em sua dimensão maior.

Seria como um médico que, antes de receitar o remédio, pede ao paciente que faça exames.

Mas como fazer isso? Como “fazer exames”? 

Pesquisando!

Procure dados oficiais, números, e converse com especialistas. Não se esqueça de falar também com potenciais beneficiários, ou seja, aqueles que vivenciam a realidade que você quer transformar.

Há inúmeros casos de projetos desenvolvidos sem uma pesquisa prévia que não resultaram nos objetivos pretendidos.

O autor e palestrante italiano Ernesto Sirolli relata, em um famoso TEDx, a respeito de uma tentativa fracassada de desenvolver economicamente uma aldeia na África.

Europeus levaram sementes de tomate, pagaram os nativos para plantarem e garantiram sua venda na Europa a preço elevado. A aldeia aumentaria a renda em muitas vezes, melhorando a vida dos habitantes.

A plantação de tomate, entretanto, foi destruída quando uma manada de rinocerontes passou sobre ela.

Os europeus descobriram da pior forma possível que o solo estava ocioso porque era rota de manadas de rinocerontes.

Se tivessem pesquisado adequadamente, teriam repensado o projeto.

Escrevendo a justificativa

Depois que você fizer uma apuração adequada, o próximo passo é colocar a justificativa no papel. Escreva os dados consolidados da sua pesquisa, mostrando a amplitude do problema e como a iniciativa pretendida por você busca solucioná-la.

Uma justificativa bem escrita, além de dar a você mais segurança sobre o projeto, ainda funciona como um excelente argumento para captar recursos.

Uma organização social que queira levar internet para escolas públicas, por exemplo, pode apresentar na justificativa um cenário sobre a conectividade na educação brasileira e os benefícios da internet no aprendizado.

2º passo: Definir a solução

Nesta etapa você vai mostrar como pretende solucionar o problema apresentado.

Note que talvez, depois de escrever a justificativa, a conclusão seja de que a ideia imaginada pode não ser a melhor.

Não tem problema! Você sempre pode repensar para chegar a soluções mais ajustadas.

Uma solução completa é composta de seis partes.

1.      Apresentação

Apresente, de maneira genérica, sua ideia. Evite se alongar muito ou usar termos técnicos.

Lembre-se de que o projeto será lido, na grande maioria dos casos, por pessoas que não conhecem a sua área de atuação. Portanto, simplifique.

Em vez de dizer, por exemplo, que seu projeto é “uma iniciativa pedagógica de acolhimento em horário integral para crianças da primeira infância com culminâncias temáticas bimestrais”, você pode simplesmente dizer que o projeto é uma creche.

Seja breve.

2.       Como funciona

Hora de falar um pouco sobre como você pretende chegar lá!

Este é também um item que deve ser claro e objetivo. Exponha como será o projeto na prática, quais atividades serão desenvolvidas. Novamente, não se aprofunde em termos técnico, terminologias ou jargões.

Se o projeto for de uma creche, deixe claro para o potencial doador como será o funcionamento.

Um bom exemplo é: “A Creche funcionará de segunda a sexta, de 9h às 16h. Terá dois períodos de férias anuais, nos quais não haverá nenhuma atividade. Em cada um dos quatro períodos bimestrais, haverá um tema principal cuja atividade final servirá como avaliação da criança”.

Nos itens a seguir você detalhará informações mais específicas.

3.  Colaboradores envolvidos

Especifique quem são as pessoas da organização envolvidas no projeto.

O ideal é que o detalhamento esteja exposto em uma planilha de cinco colunas, divididas entre: nome do colaborador, escolaridade, cargo, vínculo trabalhista e tipo de remuneração.

Considere como colaboradores do projeto não apenas aqueles diretamente envolvidos, mas todos os que precisam contribuir para que as ações aconteçam. É possível que seja necessário inserir pessoas do setor administrativo, por exemplo.

Também não deixe de listar os voluntários. Por mais que eles não sejam remunerados, são fundamentais para o sucesso do projeto.

4.  Região do projeto

Informe a localidade onde o projeto será desenvolvido. Por mais que ele esteja aberto a pessoas de todo o Brasil, sem discriminação, há sempre uma ou mais sedes.

5.  Público do projeto

Defina qual público se pretende atingir. Deixe clara a idade dos beneficiários, sua condição socioeconômica e a localidade.

Não caia no erro de economizar na descrição. Trata-se dos seus clientes, e você deve conhecê-los bem.

Também não se esqueça de colocar o número de pessoas que pretende atingir diretamente.

6.       Cronograma de atividades

Faça uma tabela com cada um dos meses em que o projeto irá ocorrer e as atividades a serem executadas.

Não precisa descrevê-las em detalhes, mas é importante proporcionar ao doador a noção de quando cada uma das etapas irá ocorrer.

Nesta tabela, tenha duas colunas. Na da esquerda, coloque o mês em que pretende atuar, e na da direita, resumidamente, a(s) atividade(s) executada(s).

3º passo: Determinar como a solução será avaliada

Depois de finalizada a execução do cronograma, será preciso avaliar se a solução foi bem sucedida.

A avaliação do impacto é frequentemente a parte mais negligenciada pelas organizações sociais quando elaboram um projeto.

Uma avaliação precisa é fundamental para você e sua equipe saberem se estão indo pelo caminho certo, e quais correções são necessárias. Também é importante para captar recursos, pois dá segurança ao doador.

Mas como criar métricas de impacto que permitam avaliar os resultados de forma planejada?

1.  Estabeleça os objetivos do projeto

O primeiro passo para criar métricas consistentes é estabelecer objetivos.

Elabore entre três e cinco objetivos pretendidos. Um número menor que esse pode ser pouco para o trabalho que você terá. Um número maior, pode tirar o foco do que realmente importa.

Se você cuida, por exemplo, de um projeto que ensina tênis para crianças em situação de alta vulnerabilidade social, quais seriam objetivos relevantes?

Um deles poderia ter relação com a melhoraria da saúde das crianças. Outro poderia envolver valores ligados à prática esportiva. Talvez, em paralelo, possa haver o objetivo de melhorar o rendimento escolar dos alunos.

Crie poucos objetivos e claros, que tenham muito significado para você e derivem da solução proposta.

2.  Crie indicadores

Agora que você já tem objetivos, estabeleça indicadores.

Como o nome diz, eles servem para indicar. Neste caso, indicar se o objetivo está ou não sendo cumprido.

Retomando o exemplo acima, quais indicadores poderiam ser estabelecidos?

Para o objetivo de melhorar a saúde das crianças, um indicador seria uma avaliação de desempenho físico por um especialista. Ou poderia ser algo subjetivo, como uma nota dada pelos responsáveis dos alunos com a percepção deles sobre os hábitos saudáveis de cada um.

O importante é que os indicadores possam ser medidos antes e depois da execução do projeto, para saber se houve evolução.

Um indicador medido apenas depois do período de execução não é válido, pois você não terá comparativo.

Indicadores subjetivos e pouco claros, como “o brilho nos olhos das crianças” ou “a alegria dos nossos alunos” também não têm validade para mensurar o impacto gerado.

3.  Estabeleça metas

Os indicadores devem mostrar se a solução funcionou.

Mas o que é, exatamente, “funcionar”? Isso também deve ser previamente estabelecido.

Para cada indicador você deve criar uma meta. Uma meta se difere de um objetivo, uma vontade ou uma intenção em função de cinco características. Ela deve ser:

  1. Específica – Toda meta precisa identificar o resultado de uma forma específica, não geral. Se o seu indicador, seguindo o exemplo acima, é uma avaliação de desempenho físico de uma criança feita por um especialista, a meta pode ser a “evolução da condição cardiorrespiratória”. Isso é bem específico e claro, ao contrário, por exemplo, de “uma saúde melhor”.
  2. Mensurável – Uma meta precisa ser medida. Ou seja, deve ter um número associado a ela. O que você consideraria, numericamente, a evolução cardiorrespiratória de um jovem? A melhoria de 20% na performance em um teste de esforço?
  3. Alcançável – Sua meta deve ser possível de atingir, distante o suficiente para ser desafiadora, mas não tanto para que se torne irreal. Melhorar a condição cardiorrespiratória de um jovem em 20% durante o período do projeto é muito? Pouco? Isso cabe a você avaliar.
  4. Relevante – A meta tem relevância para você? Faz sentido para o jovem? Dialoga com o problema? Uma meta relevante é aquela que te faz responder “sim” às três perguntas acima. Você pode considerar, por exemplo, que “Evolução de 20% na condição cardiorrespiratória do jovem” simplesmente não resolve o problema que te incomoda. Ou concluir que é EXATAMENTE isso o que te motiva e que resolve o problema que você identificou.
  5. Temporal – Toda meta precisa ter temporalidade definida. Em outras palavras, tem que ter prazo. No caso do seu projeto, isso provavelmente fica fácil, pois o tempo para você atingir a meta é o tempo de funcionamento dele.

Lembre-se de criar uma meta para cada indicador. Isso permitirá mensurar se o objetivo relacionado àquele indicador foi atingido.

4º Passo:  Elaborar um orçamento

Se você seguiu todos os passos até aqui, já tem o “carro” montado! É como se tivesse colocado os pneus, a carroceria e o motor, e agora ele está quase pronto para partir.

Porém, falta um detalhe: a gasolina.

O seu projeto só pode sair do papel se tiver os recursos disponíveis. Mas quanto?

Essa resposta será dada pelo seu orçamento. Um orçamento é o conjunto de despesas previstas para a execução de um projeto.

Olhando para ele você consegue saber exatamente de quanto vai precisar para executá-lo e em qual despesa cada real será gasto.

Seu orçamento deve estar dividido em quatro categorias:

1. Recursos humanos

Esta categoria refere-se às despesas com pessoas. Ela será, provavelmente, a mais elevada do seu projeto. Contratar e remunerar pessoas não é barato – nem deveria ser, pois elas são a alma de tudo.

Para não se confundir, coloque em cada linha do orçamento o nome do profissional, qual a sua função, quanto ele vai receber por mês, quantos meses vai trabalhar e qual seu custo total.

Lembre-se de colocar TODOS que têm relação com o projeto, incluindo profissionais da área administrativa.

Se você quer dar aulas de tênis, por exemplo, de quais profissionais precisaria? Talvez quatro professores de tênis, um coordenador esportivo e um coordenador geral.

2. Material

Estas são as despesas relativas a coisas materiais que você precisará adquirir para que o projeto tenha vida.

Bolas, cadernos, canetas, lápis… A compra de todos os insumos deve estar prevista com o preço que você pretende pagar e quantidade necessária.

3. Transporte e alimentação

Seu projeto também precisará de recursos para transporte e alimentação.

Ambos podem ser destinados aos beneficiários e/ou os professores.

Transporte pode incluir passeios pedagógicos, vales-transporte para os profissionais ou mesmo viagens para disputa de torneios ou participação em feiras.

A alimentação envolve cestas básicas distribuídas aos familiares, vales-refeição para os profissionais, lanches para os beneficiários ou mesmo um jantar de fim de ano.

4. Outros

Nesta categoria você deve inserir despesas que não se encaixam em nenhuma das anteriores. Aqui você pode colocar, por exemplo, contador e aluguel, além de outras despesas que dão suporte ao projeto.

Pense em TUDO que está relacionado com a execução prevista e coloque aqui. Lembre-se de que custos indiretos, apesar de menos visíveis, também estão relacionados e precisam ser cobertos por doações.

6 Dicas da Ago para elaborar seu projeto de captação de recursos

Como fazer captação de recursos - dicas

Ufa! Foi um longo caminho até aqui.

A maior dor das organizações sociais é a falta de recursos financeiros, e ela está intimamente ligada à falta de planejamento.

Um projeto claro e bem feito fornece a exata noção de quanto você precisa captar e dá segurança aos seus potenciais doadores.

Para tornar o projeto ainda melhor, dê uma olhada nestas dicas que preparamos para você!

1.  Faça o diagnóstico do problema com calma e ouvidos abertos

A elaboração de um projeto de captação de recursos é a expressão da essência de alguém. Um projeto é feito por pessoas tocadas por um incômodo muito grande e que resolveram arregaçar as mangas para melhorá-lo.

Por isso, é normal a ansiedade e o impulso de “botar pra fazer” logo.

Antes de partir para a ação, porém, é importante que você tenha calma para entender se o problema percebido é REALMENTE um problema ou se é apenas um incômodo seu.

Pode acontecer, na etapa do diagnóstico, de você entrar em contato com informações que contrariem a sua percepção inicial. Neste caso, esteja aberto para ressignificar o problema, que pode sequer existir.

Há um caso famoso de uma fundação brasileira que queria levar cisternas de água a uma comunidade do interior do país. Lá, diariamente dezenas de mulheres precisavam ir até um rio, a quilômetros de distância, e coletar água em baldes. A cisterna levaria água diretamente às casas.

Qual foi o resultado do projeto? Ele nem saiu do papel. Conversando com as mulheres, a fundação diagnosticou que elas não queriam a cisterna. A ida ao rio era a atividade diária delas. O momento em que estreitavam laços, conversavam sobre a vida e se ajudavam mutuamente.

O diagnóstico, portanto, mostrou que a falta de água encanada era um incômodo dos gestores da fundação, não da aldeia. Essa visão foi fundamental para evitar que o projeto saísse do papel e virasse um grande equívoco.

2.  Seja curto e objetivo

Um dos males do mundo moderno é a quantidade de informação que recebemos diariamente. O ser humano nunca teve acesso a tantos dados, números, textos, vídeos etc.

Pensando nisso, o seu projeto será apenas mais uma informação na longa lista dos que bombardeia um potencial doador em um dia comum.

Por isso, seja breve. Use parágrafos curtos, os quais expressem o que você quer dizer de maneira concisa.

Se você quer que o seu projeto seja lido e receba apoio, não se estenda muito.

3.  Escreva um projeto com foco no doador

Essa dica pode parecer estranha. Como assim, “foco no doador”? O foco de um projeto não é o beneficiário?

Sem dúvidas, sim! A razão de ser de um projeto é o impacto positivo que ele vai causar.

Mas, para acontecer, um projeto precisa captar recursos – e ele só terá sucesso nessa árdua tarefa se estabelecer uma conexão com o potencial doador.

Por isso, escreva pensando em quem irá lê-lo.

Não estamos dizendo para você mudar completamente um projeto, escrever algo em que você não acredita ou que esteja totalmente distante da realidade da sua organização. Definitivamente, isso não dá certo.

Porém, você deve escrever aquilo em que acredita de uma forma clara e inteligível para o seu potencial doador. Afinal, devemos considerar que, provavelmente, ele não tem todo o conhecimento de causa que você possui.

Sendo assim, tome cuidado com raciocínios muito complexos, definições pouco claras ou uma linguagem de nicho.

Já vimos projetos de educação, por exemplo, que falavam em “culminância”. Para quem trabalha com pedagogia, esse termo é bastante comum. Para o potencial doador, talvez não seja.

Outro jargão que traz muitas dúvidas é “contraturno”. Para quem trabalha com o Terceiro Setor, trata-se de um termo recorrente. Para um potencial doador, é mais claro falar “período do dia em que a criança não está na escola”.

4.  Insira custos administrativos no projeto

Uma das grandes queixas das organizações sociais é a falta de recursos para as “despesas administrativas”, como aluguel, contador, salários ou assessoria jurídica.

Apesar delas serem fundamentais para o funcionamento do projeto, os doadores frequentemente preferem aportar recursos em despesas mais “diretas”, ou seja, relacionadas com o beneficiário.

Nossa dica aqui é a seguinte: insira despesas administrativas no orçamento do projeto e converse com o doador. Mostre para ele o quanto é importante que o projeto pague, ao menos parcialmente, o salário do contador, o aluguel da sede ou o salário do diretor.

Se você não quiser inserir a integralidade da despesa administrativa no orçamento, pensando em não deixá-lo muito alto, coloque minimamente parte dela.

5.  JAMAIS deixe de elaborar métricas

Tão fundamental quanto executar o projeto é medi-lo.

É um consenso entre as organizações sociais que há duplicidade de trabalho entre iniciativas semelhantes que, muitas vezes, não geram um impacto que justifique o seu custo.

Isso poderia ser evitado com uma mensuração de impacto adequada. Em um mundo ideal, onde todas as organizações têm métricas de impacto bem definidas, saberíamos quais estão cumprindo um belo papel social (acredito que a maioria) e as que poderiam se fundir com outras ou deixar de existir.

Nesse mundo ideal, poderíamos focar os recursos no que efetivamente resolve problemas e presta um serviço para o beneficiário.

6.  Você não precisa ser global

Temos certeza de que o problema que você quer enfrentar é grande.

Porém, a sua solução não precisa ser do tamanho do problema. Trabalhar na área social é contribuir, dentro das suas possibilidades, para sanar um problema que está ali muito antes de nós existirmos e que provavelmente seguirá depois que partirmos.

Por isso, planeje soluções – e projetos – do tamanho que você consegue executar. Resolver parcialmente um problema local já é uma grande contribuição para a sociedade.

Mais do que arrumar tudo, busque melhorar o que está ao seu alcance com qualidade de entrega. Essa postura fará o seu projeto ser apoiado sempre.

E então, gostou deste guia de elaboração de projetos?

Se você seguir todos os passos direitinho, vai ter um belo documento em mãos, que o ajudará a aumentar muito as suas chances de captar recursos.

Ao chegar ao final do texto, sente que precisa de ajuda para otimizar seus processos e seu planejamento de captação de recursos?

A Ago Social, maior escola para empreendedores socioambientais do Brasil, tem o programa ideal para você alcançar o próximo patamar da sua captação – o programa Captação Inteligente. Você precisa fazer esse curso se quiser:

  • Deixar de depender de apenas uma fonte de captação
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  • Acessar um conteúdo nunca antes visto em outro programa de captação de recursos

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2 respostas

  1. Muito obrigado pelo ótimo guia. Tenho certeza de que vou conseguir aplicar estas orientações apresentadas de forma tão clara e didática e apresentar um projeto e pedido de recursos com qualidade profissional.
    DEUS abençoe vocês.
    Pleno sucesso e tudo de bom.

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