A empreendedora Ivani Grance tem uma belíssima história de desenvolvimento pessoal e trabalho pelo empoderamento de mulheres através da arte da costura.
A experiência que a levou a fundar a República das Arteiras e impactar positivamente tantas mulheres foi contada na matéria principal da terceira edição da revista AGORA.
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O caminho até o empreendedorismo social
A história da Ivani Grance, empreendedora de Campo Grande (MS), reflete a realidade de muitas mulheres brasileiras. Profissional da iniciativa privada por muitos anos, mudou de planos depois de se tornar mãe. Para se dedicar à maternidade e, ao mesmo tempo, ter outra fonte de renda, fez um curso de costura, atividade com a qual conviveu desde a infância e que já a encantava. Começou com pequenos consertos e, ao longo do tempo, se reuniu com outras costureiras e se profissionalizou. Essa experiência despertou o prazer pela coletividade e pelo trabalho conjunto.
Formada em Ciências Sociais, iniciou um trabalho com geração de renda junto a uma ONG. Naquele ambiente, reconheceu o seu projeto pessoal de vida e o seu ideal de coletividade e colaboração, assim, e dentro da organização social, nasceu o coletivo República das Arteiras. Depois de passar por uma incubação oferecida pela prefeitura, começou o projeto ao lado de outras duas costureiras.
O olhar atento a oportunidades
Era hora de olhar para o mercado e identificar oportunidades. Essa visão mostrou que a costura industrial era um segmento já sobrecarregado, com muita oferta. Contudo, as produções customizadas, como figurinos, por exemplo, ofereciam boas possibilidades. Porém, justamente, essa capacidade de perceber espaços e oportunidades não era algo comum às costureiras, em função da sua falta de preparo. Segundo Ivani, “as costureiras apresentam várias camadas de dificuldade que as colocam em um lugar de vulnerabilidade. São mulheres potentes, que precisam de preparos mais práticos”.
Foto: acervo pessoal
Várias fases, muitas descobertas
Ao longo do caminho, o coletivo se desenvolveu até chegar a um modelo digital. Inicialmente, operava no formato de coworking, com atendimento formativo e empréstimo de equipamentos para as costureiras da comunidade e com 15 profissionais em sua rede. Atualmente atua como uma startup, um negócio social que alcançou a fase de tração, com um primeiro MVP (Produto Mínimo Viável) já validado e outro em fase validação, e contando com 110 costureiras atendidas.
Em 2021, na primeira fase de desenvolvimento da plataforma, faltava dinheiro para concluir. todas as portas que eu procurei naquele ano, estavam fechadas. Nesse contexto, Ivani teve um contato com Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora, que a conectou com uma mentora. Essa pessoa enviou o link para uma turma do curso Empreendedorismo Social na Real. Em sua passagem pela Ago, ela passou a se entender como empreendedora. “Eu saí da caverna, de fato. Consegui enxergar o que era a startup, o que significava ser um negócio de impacto, onde buscar captação, diante de qual tipo de banca se colocar”, afirma.
Uma lição de maturidade
Quando fala a respeito dos caminhos que o empreendimento tem seguido, Ivani expressa muita maturidade. Para ela, “a República é uma caixinha de surpresas, sempre aberta a mudanças, não é uma coisa estanque. A dor, sim, é permanente. A dor de tirar a costureira da invisibilidade, de dar foco a esse ofício, de trazer protagonismo a essa costureira. A ideia é trazer o fortalecimento dessa profissional, trazê-la para esse ambiente de capacitação para que ela se veja como empreendedora e dona do seu negócio”.
Uma nova rota para atender as beneficiárias
O ponto de virada que deu um rumo mais acertado ao trabalho, foi entender o impacto do analfabetismo digital presente entre o público de beneficiárias. A ideia do projeto tem alta aderência junto ao consumidor, mas a questão digital, essencial para o crescimento da renda das mulheres, passou a ser um ponto de atenção para a escala do negócio.
Em conjunto com esse foco, hoje estão iniciando duas novas frentes de atuação com recursos recém-conquistados: uma de desenvolvimento profissional sobre o mercado e outra de formação de multiplicadoras, preparando costureiras para dar aulas. São diferentes movimentos para dar visibilidade às mulheres e seu talento, além de levá-las a estar à frente da sua própria evolução.
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