Uma conhecida expressão popular diz: “Conhecimento não colocado em prática é apenas informação”. Tal afirmação certamente não se aplica à Cooprima – Cooperativa de Trabalho dos Agricultores Familiares do Município de Primavera, no Pará.
A organização integrou, em 2022, o BTG Soma Meio Ambiente, aceleração realizada pelo banco BTG Pactual, na qual a Ago Social atua como parceira executora. Depois da experiência da formação, a Cooprima vivenciou descobertas e mudanças que refletiram em muitos resultados e a levaram a gerar mais impacto positivo.
A partir daqui, vamos contar essa história, que foi originalmente publicada na revista AGORA.
Origem com propósito
Criada em 2013, a cooperativa nasceu com o olhar para a agricultura familiar. Na época, os gestores usaram uma área de 45 hectares para alocar 30 famílias e desenvolver um projeto voltado ao objetivo inicial de levar capacitação e incentivos aos produtores.
A região onde opera, no nordeste do Pará, historicamente não tem uma tradição de produção sustentável. Portanto, para o bioma amazônico, já começam ali os efeitos da intervenção da cooperativa. A Cooprima mostra ao agricultor familiar que ele pode, sim, produzir em pequenos espaços, tirar dali o sustento com qualidade, consumir alimentos de maior qualidade e, tudo isso, enquanto preserva o ecossistema.
Nesse caminho, além de tudo, ainda conecta o homem do campo e o mercado, gerando um impacto em 360 graus. Em outras palavras, conservando o bioma e promovendo benefícios econômicos e sociais.
São resultados que transformam a realidade dos produtores cooperados, despertando confiança diante do mercado e promovendo mudança de vida para quem está envolvido com o processo.
Preparação para gerar mais impacto positivo
Durante um bom tempo, a Cooprima foi financeiramente dependente de incentivos vindos de políticas públicas. Até que, em 2022, se inscreveu para a aceleração BTG Soma Meio Ambiente, foi selecionada e começou a mudar esta realidade.
Ao concluir o programa, o foco do empreendimento mudou para o viés da produção sustentável. Neste momento, passaram a adotar um modelo da agroecologia, com a prática de preservação do meio ambiente. Essa mudança foi decorrente de uma nova mentalidade, desenvolvida a partir das experiências de aprendizado adquiridas.
Como define o diretor-operacional da Cooprima, José Edivaldo da Silva Mota Júnior, a participação no programa foi uma “virada de chave, um start”.
Do ponto A para o ponto B
Essa conclusão leva em conta a origem da cooperativa. O crescimento, até então, havia acontecido espontaneamente, sem que os gestores se dessem conta. A consequência foi que os cooperados não se sentiam parte do negócio. Eles viam a instituição apenas como um canal de vendas, onde deixavam produtos para que fossem comercializados. Essa falta de engajamento gerava problemas internos, como centralização e sobrecarga. Porém, os aprendizados adquiridos durante a aceleração proporcionaram uma nova visão de trabalho.
Na prática, houve uma evolução de olhar. A Cooprima passou a enxergar a possibilidade de impacto em tudo o que era feito. Foram criados então KPIs (Key Performance Indicators, indicadores-chaves de performance) para onde as ações passaram a convergir.
Segundo Edivaldo, houve ainda outros pontos altos de aprendizado.
“Todos os momentos foram muito importantes, mas dois marcaram muito: a consciência a respeito da sustentabilidade financeira e da expansão do impacto. Quando vi dentro do programa os exemplos de modelo de negócio que foram apresentados, aquilo acendeu uma luz e me mostrou o que era possível.”
Hoje, a Cooprima tem metas financeiras e de captação de recursos bem estabelecidas. As coisas passaram a estar planejadas e todos estão trabalhando em convergência, para fazer tudo acontecer.
Engajamento traduzido em números
Com relação ao envolvimento dos cooperados, foi estabelecido um novo trabalho de acolhimento e conscientização. Isso levou o grupo a entender o que é cooperativismo, o que significa fazer cooperativismo na Amazônia e também a visualizar as possibilidades.
Foi mais um importante passo: gerar valor não somente para o consumidor dos produtos, mas também para quem está dentro do negócio.
Quando iniciou no programa BTG Soma Meio Ambiente, a Cooprima contava com 38 cooperados. Ao final dos meses de formação, o número avançou para 85! Isso aconteceu a partir de uma nova postura de estruturação e crescimento. Como reflexo, mais pessoas passaram a ter desejo de fazer parte. Então, o plano passou a ser crescimento com base em planejamento estratégico. “Se não tivermos mercados para abarcar todos, não adianta abrir as portas”, pondera Edivaldo.
Outras mudanças após o programa vieram relacionadas a diferentes frentes de trabalho: conscientização dos produtores sobre os benefícios de sistemas integrados de produção; incentivo ao engajamento dos jovens; inclusão das mulheres em posições de gestão e liderança.
Preparação para o futuro
Para a Cooprima, a vivência na aceleração concretizou a necessidade de compreender os elementos com os quais atuava e trouxe vários direcionamentos que passaram a fazer parte de uma nova perspectiva:
1 – Entender o modelo de negócio.
2 – Entender o tipo de impacto causado nas pessoas e no território.
3 – Compreender como esse impacto pode gerar maior sustentabilidade para a própria cooperativa e para a sociedade.
Antes, apesar de haver uma proposta, as coisas eram construídas sem perspectiva. Agora tudo tem estratégia e planejamento. Nas palavras de Edivaldo, “Dentro do programa aconteceu uma mudança de mindset, de pensamento”.
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