A Votorantim é uma holding de investimentos com um portfólio amplo de empresas relevantes em seus setores de atuação, desde materiais de construção até o ramo imobiliário.
Para administrar os projetos e ações de investimento de impacto socioambiental que atendam todas essas empresas, nasceu o Instituto Votorantim.
O Instituto, conforme sua autodefinição, “é um centro de inteligência social aplicada que desenvolve soluções socioambientais com foco na geração de valor”.
Com esse foco, promovem o desenvolvimento e o impulsionamento de negócios de impacto e, assim, contribuem para um futuro climático, ambiental e social mais sustentável.
Para falar sobre esse trabalho, Cloves de Carvalho, Presidente do Instituto Votorantim, concedeu uma entrevista para a 2ª edição da Revista AGORA, lançada em novembro de 2023.
Você confere os destaques dessa conversa e conhece mais sobre a atuação do Instituto Votorantim a seguir.
O equilíbrio na relação entre investimento de impacto e gestores de empreendimentos socioambientais
Em qualquer relação de investimento, seja de impacto ou não, é fundamental o diálogo aberto dos dois lados para que as expectativas sejam bem colocadas.
O equilíbrio depende de ambas as partes. A visão de futuro precisa estar muito bem definida para depois disso todos identificarem as sinergias de visão que justifiquem uma parceria ou investimento de impacto.
É nos objetivos comuns que os pontos de diálogo se estabelecem, segundo Cloves. Porém, isso depende de maturidade e de um desenvolvimento do ecossistema como um todo.
Para Cloves, esse entendimento está evoluindo dos dois lados, apesar de ainda haver muitos casos em que empreendedores socioambientais não têm uma visão clara e uma dimensão do impacto que buscam gerar.
Por isso a importância do diálogo e da contribuição dos investidores nessa construção:
“Um investidor engajado pode ajudar a definir melhor qual é o impacto e quais serão os resultados, não só na esfera de retorno, mas também na esfera do impacto esperado. Por isso, acredito que ainda não é uma regra, mas é uma tendência cada vez mais você se concentrar com essa visão macro e no que se constrói a partir desse consenso”, afirma Cloves.
O que é necessário para avançar nessa relação?
Quando perguntado se seria correto definir o momento atual das parcerias entre investidores de impacto e empreendedores socioambientais como um ponto de virada, Cloves diz que ainda não chegamos lá:
“Temos que esclarecer o entendimento sobre o ponto de virada. Para mim, é quando a coisa passa a ser quase processual, quando tudo se repete automaticamente, independentemente de pessoas. Ainda é muito mais pessoal – depende de pessoas – do que algo que já está internalizado.”
Essa relação, ainda nova, está em evolução e faz parte de “um ecossistema em maturação, no qual as partes estão aprendendo a chegar na intersecção, no ponto comum”, segundo ele.
Existe também a preocupação com o retorno financeiro acima do impacto esperado. Nessa relação, a prioridade inicial é provar que o negócio é viável.
Outro desafio inerente a essa construção de maturidade é o avanço não homogêneo do setor. Cloves exemplifica a diferença:
“Se você atuar na temática de economia de baixo carbono, já encontra muita coisa, muita gente fazendo algo. Na questão de água, de saneamento, já aparecem muitas soluções. Mas se você olhar para a linha de habitação de interesse social, ainda é muito incipiente. Você tem algumas reformas, alguma coisa caminhando para o crédito… Não há uniformidade, e a evolução não será uniforme, vai depender da maturidade de cada setor.”
A partir da construção da maturidade, novos investidores demonstram interesse à medida em que nascem novas soluções. Esse cenário cria, segundo Cloves, um círculo virtuoso, com novos recursos para o setor.
Ele afirma também que certamente a maturação do ecossistema deve despertar interesses do primeiro setor de se engajar, criar políticas e estimular também via regulamentação.
A atuação do Instituto Votorantim nesse cenário
O Instituto Votorantim tem mais de 20 anos de atuação. Apenas em 2022 realizou 212 projetos, impactando 135 municípios com suas ações.
Há dois anos, deram início à linha de negócios de impacto com a criação de um fundo para testar a hipótese de uma nova forma de investimento social. A ideia é desenvolver autonomia a partir do fortalecimento institucional desses negócios.
“Quando você entra com apoio de gestão – com consultorias suportando, principalmente em modelos de negócio, processo produtivo em si e, principalmente, a comercialização – é que você consegue chegar depois de três anos, ‘soltar a mão’ e o negócio permanecer de pé – o que a gente chama de ser sustentável”, afirma Cloves.
O fundo conta com R$17 mi para investir ao longo de 5 anos, com foco em três temáticas principais:
- Economia de baixo carbono;
- Água e saneamento;
- Habitação de interesse social.
Além do investimento de impacto, o objetivo do Instituto é promover conexão entre os negócios apoiados, gerando mercado e auxiliando na construção de maturidade citada anteriormente. Tudo isso para auxiliar na construção de uma visão de futuro mais sólida.
Leia também:
- Fundação FEAC: filantropia para transformar o futuro
- Fundo Vale: investimento de impacto e projetos que fomentam o empreendedorismo ambiental
- BTG Pactual: como grandes empresas podem atuar com filantropia e fortalecimento do Terceiro Setor
Inovação e legado do Instituto Votorantim
Existe uma visão clara a partir da conversa com Cloves sobre construção de legado:
“Temos uma crença de que, dentro do possível, você tem que fazer o máximo para deixar legado […]. Se você ajudar um empreendedor, você está deixando um legado; se forma um gestor público, está deixando um legado. Você vai embora e aquele legado fica. Esse trabalho que a Ago faz de formação, de educação e qualificação do ecossistema é um legado. E para que isso escale, é preciso articular e juntar os setores.”
Essa visão de legado caminha lado a lado com a inovação.
No Instituto Votorantim, por exemplo, existe uma área específica de inovação. No momento da entrevista [setembro de 2023], o setor estava desenhando uma solução para apoiar a gestão pública municipal voltada ao impacto das mudanças climáticas.
Para inovar na atuação do Instituto, existe um olhar constante para as evoluções da sociedade e demandas emergentes. Cloves cita um exemplo disso:
“Tem muitas organizações no Brasil trabalhando na educação e fazendo trabalhos belíssimos. Mas quantas vocês conhecem que trabalham a saúde mental dos alunos e dos professores? O que nós estamos fazendo, de fato, para antecipar isso? Vamos estudar soluções, pensar em alternativas, como é que se pode fazer.”
O futuro dos negócios de impacto e do ecossistema social
Durante a entrevista, perguntamos a Cloves se ele vê um futuro promissor para o ecossistema. A resposta é positiva:
“Eu vejo, porque existe uma avenida enorme no Brasil nessa história da transição energética, da economia verde, da bioeconomia. Isso vai destravar muitas questões de regulação e legislação, e vai acabar trazendo de reboque várias outras coisas. Acredito que vai ser um estímulo muito grande para a inovação, para novos negócios, novas articulações, novas formas de interação e vai acabar favorecendo todo o ecossistema.”
E é esse olhar de ecossistema, de um setor de impacto mais estruturado e fortalecido, que foi abordado nessa e em mais oito entrevistas que compõem a reportagem de capa da 2ª edição da Revista AGORA.
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