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Negócios de impacto: a união entre lucro e propósito

Negócios de impacto: a união entre lucro e propósito

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Hoje em dia é muito comum usar o termo “impacto” para caracterizar movimentos disruptivos ou com resultados diferenciados, mas não funciona dessa forma quando falamos em negócios de impacto.

No cenário do empreendedorismo socioambiental, o impacto se refere a transformações capazes de beneficiar pessoas ou ambientes.

Essa distinção é importante para enxergar dentro do mercado quais são as empresas que se enquadram nesse formato, sejam voltadas ao foco social ou ambiental.

Se você quer entender melhor as definições que acompanham essa ideia e saber como é possível gerar receita enquanto se produz mudanças, continue a leitura!

Empreendedorismo social, o movimento precursor

Na década de 1980, o termo empreendedorismo social se popularizou quando Bill Drayton fundou a Ashoka. Essa organização sem fins lucrativos fomenta uma rede de membros mobilizados pela redução da desigualdade social. 

Desde lá, Drayton, que se inspirou em Mahatma Gandhi e no Movimento dos Direitos Civis, conseguiu reunir mais de três mil empreendedores sociais, conhecidos como fellows, em todo o mundo, incluindo o Brasil.

O que diferencia essa modalidade do empreendedorismo convencional, tão popular e disseminado, são alguns fatores:

  • Enquanto o tradicional visa ao lucro e ao crescimento, o social tem como objetivo a geração de impacto;
  • O social busca resolver problemas e proporcionar qualidade de vida para uma comunidade ou região;
  • O ponto de partida do social é analisar uma situação que desfavorece pessoas ou aspectos ambientais e procurar melhorar a situação através de práticas diversas.

Em resumo, o foco do empreendedorismo social são pequenas ações que reverberam e favorecem uma determinada parcela da população ou de um ecossistema, gerando valor e trazendo benefícios.

Negócios de impacto, a união justa de propósito e lucro

Enquanto o conceito de empreendedorismo social nasceu abrangente, contemplando iniciativas que não necessariamente geram lucro, surgiu uma vertente que tinha um olhar diferenciado.

Quem deu início a esse movimento foi outra grande referência no setor, Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006 e precursor dos negócios sociais. Economista e banqueiro, foi o pai do microcrédito. Em 1976, inaugurou uma modalidade de empréstimo para pessoas de baixa renda sem as habituais exigências de garantia.

De acordo com o site oficial de Yunus, “negócios sociais são empresas que têm a única missão de solucionar um problema social, são autossustentáveis financeiramente e não distribuem dividendos”.

Com o tempo, algumas vertentes modificaram parte desse conceito com relação ao lucro, considerando genuína, além da geração de receita, a lucratividade.

Essa distinção é importante porque, em geral, existe confusão quando se fala de impacto. Isso porque muitas empresas promovem efeitos externos positivos, mas não necessariamente elas são um negócio de impacto social ou ambiental.

Princípios de um negócio de impacto

Gerar empregos, estimular a educação e favorecer a diversidade são, sim, ações que repercutem positivamente na sociedade. Contudo, quando se fala em negócios de impacto, existe um fator determinante que é a intencionalidade

Esse é um dos critérios usados para caracterizar a categoria de acordo com a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto. Na prática, segundo a Aliança, são quatro as premissas indissociáveis:

1.Foco principal de gerar impacto

A prioridade de todas as ações deve ser gerar transformação, mudança e evolução. Sendo que a origem deve partir do desejo de resolver desafios sociais e ambientais.

2.Modelo de negócio financeiramente autossustentável 

A busca pelo retorno financeiro precisa ocorrer a partir da lógica de mercado, por meio da comercialização de produtos ou serviços e de maneira escalável, o que descarta o modelo de mobilização de doações.

3.Intenção de impacto como atividade principal

Ainda que existam ações e projetos específicos voltados para a responsabilidade social e ambiental, se não forem essas as razões de existir do negócio, ele não se enquadra na concepção de impacto.

4.Mensuração do impacto gerado

O modelo deve contemplar o monitoramento do impacto gerado permanentemente, com o compromisso de alinhar a atuação de acordo com esses resultados, buscando o crescimento.

Uber, um case de negócio de impacto ou não?

Um exemplo interessante para se analisar é o da Uber. Sob vários aspectos, existe impacto social na atuação da empresa:

  • Acesso a uma mobilidade melhor que o ônibus e a um preço mais baixo que o táxi;
  • Opção de renda com o trabalho de motorista;
  • Durante a pandemia, foi uma opção segura de locomoção.

Apesar disso, não podemos considerar que se trata de um negócio de impacto, visto que não existe a intenção soberana de solucionar um problema social. O objetivo maior, assim como acontece em qualquer outra empresa tradicional – e isso não se trata de nenhum juízo de valor, apenas de constatação e categorização – é a geração de lucro para fundadores e acionistas. 

Se a Uber tiver a oportunidade de substituir o serviço humano por carros autônomos levada por questões financeiras, o modelo de negócio naturalmente vai ser alterado. Enquanto isso, um empreendimento de impacto, movido pelo compromisso com a geração de renda, não optaria por uma mudança assim, mantendo-se em seu propósito inicial.

Outros exemplos são as grandes empresas que possuem institutos e fundações responsáveis pelos trabalhos de responsabilidade em impacto. Embora sejam operações muito importantes e relevantes, não tornam essas corporações negócios de impacto, já que a atividade principal continua sendo aquela responsável por gerar lucro.

OSCs e negócios de impacto

E quando pensamos na arrecadação de dinheiro para as organizações sociais? Elas podem se tornar um negócio de impacto?

As Organizações da Sociedade Civil (OSCs), também chamadas de ONGs (Organizações não governamentais), têm como característica a captação de recursos a partir de doações. Entretanto, é comum elas chegarem a um momento no qual se veem limitadas em expandir a atuação por somente depender de doações e capital de fontes governamentais. 

Logo, cada vez mais essas instituições descobrem que há meios de ter recursos recorrentes ao criar um negócio internamente. Nesses casos, a diferença é que o negócio de impacto não vai distribuir lucro: o remanescente é reinvestido na própria instituição. Exceto por essa regra, o modelo funcionará nos mesmos moldes que qualquer outra operação comercial.

Exemplos desse formato são as organizações que produzem internamente os itens a serem comercializados (pães, artesanato, outros produtos) e cuja renda garante a manutenção e o crescimento da causa, enquanto o lucro se reverte em investimento em máquinas e matéria-prima.

Como é possível perceber, a convivência entre receita e uma causa maior existe e pode ser sustentável!

Os negócios de impacto são uma tendência e, quando estruturados e geridos de forma eficiente, têm alto potencial de crescimento e resultados. 

O que achou deste conteúdo, ajudou a entender um pouco mais a respeito desse tema? Conte para a gente aqui nos comentários.

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