Empreendedorismo social é a prática de usar inovação em negócios e organizações para resolver problemas sociais e ambientais, combinando impacto social com sustentabilidade financeira.
- Afinal, o que é empreendedorismo social ou socioambiental?
- O empreendedorismo social no Brasil em números
- Quais são os principais desafios do empreendedorismo social no país?
- Exemplos de empreendedorismo socioambiental no Brasil e no mundo
- Como criar um negócio social bem-sucedido?
- Quais são as principais características dos empreendedores sociais de sucesso?
- Como a Ago Social pode ajudar empreendedores sociais a alcançarem seus objetivos?
“Eu passei a me apresentar como empreendedora social, depois que conheci a Ago”. Essa conversa com uma das nossas melhores alunas um tempo atrás nos fez pensar.
Na Ago Social, gostamos de falar que tudo o que fazemos é para ajudar empreendedores sociais.
Mas seriam eles gestores de OSCs? Fundadores de negócios sociais? Pessoas que estão tocando projetos sociais, independentemente de modelo de negócio e grau de formalização?
Vamos deixar a resposta para essas e outras perguntas mais para a frente. Antes, que tal divagar um pouco mais sobre o tema?
A declaração que trouxemos no início deste texto é mais comum do que parece. Muitos empreendedores sociais têm dificuldade em se “enquadrar” em definições pré-concebidas.
No fundo, todos nós na Ago sabemos quem a gente quer ajudar. Temos uma imagem clara do empreendedor social em nossas mentes.
É para ele que acordamos e é para ele que criamos nossos programas educacionais.
No entanto, é necessário ter uma definição concreta, para que a missão do empreendimento fique clara para todos e para que a gente consiga amplificá-la pelo Brasil.
No entanto, antes de mais nada, é importante começar do início:
Afinal, o que é empreendedorismo social ou socioambiental?
Empreendedorismo social é o ato de criar e executar um projeto para resolver problemas sociais e ambientais.
Falaremos mais sobre essa definição, mas na Ago não fazemos distinção sobre o que é um projeto, para considerar seu agente um empreendedor social.
O projeto pode evoluir para um negócio de impacto, uma organização social ou uma iniciativa não-formalizada.
Se tem alguém inovando para resolver problemas socioambientais, para nós, é um empreendedor.
O importante é entendermos que tudo começa com uma insatisfação frente a um problema da sociedade, que pode ser local, regional, nacional ou global.
Essa insatisfação pode fazer com que você, como 64% dos brasileiros, faça algum tipo de doação ou se engaje em um trabalho voluntário.
Frente a esse incômodo, algumas pessoas decidem fazer ainda mais e acabam por ingressar no universo do empreendedorismo socioambiental.
Porém, ao se deparar com um ecossistema único, envolvendo termos como “terceiro setor”, “setor 2.5”, “OSCs” ou “negócios de impacto” (os quais abordaremos no decorrer deste guia), você pode ficar sem saber por qual caminho trilhar ou até mesmo ter dúvidas a respeito de como você se enquadra.
De onde vem a inspiração para o empreendedorismo social?
Por um lado, temos um histórico muito expressivo de “caridade”, com fortes raízes religiosas, que ainda se faz presente na realidade dos brasileiros.
De acordo com a Pesquisa Doação Brasil 2020, coordenada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, 15% das doações no Brasil são feitas para obras sociais de igrejas ou da comunidade.
Uma característica marcante desse tipo de ação é o grande foco no assistencialismo, seja com a entrega de alimentos, campanhas de arrecadação de agasalhos ou até ações de voluntariado.
Essas ações, por vezes emergenciais, fazem toda a diferença para comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Por outro lado, existe o empreendedorismo tradicional, que embora também tenha sua origem na resolução de problemas, tem no lucro o fator determinante para tomadas de decisão.
É claro que para essas empresas que fazem parte do chamado 2º setor (Setor Privado), ter um bom produto e gerar valor para o cliente está entre as prioridades, mas o lucro é um elemento que tende a pesar mais nessa balança.
Em alguns casos, as empresas, por meio de seus produtos, meios de produção ou até mesmo pelo tratamento com seus colaboradores, podem gerar impacto socioambiental negativo.
O melhor dos dois mundos no empreendedorismo social
Nos últimos anos, os dois extremos citados anteriormente foram se aproximando, até por uma questão de inteligência.
Afinal, de nada adianta termos cada vez mais empresas que pensam somente em lucro, como também não faz sentido que organizações que geram tanto impacto positivo não consigam se sustentar.
E, nesse meio de caminho, surge o que chamamos de empreendedorismo social.
Um empreendimento social é um tipo de empreendimento que busca, além de ser financeiramente sustentável, gerar impacto social.
Em 1998, o educador Gregory Dees, um grande pioneiro nesse segmento, escreveu o livro “O significado do Empreendedorismo social”, no qual ele resume essa forma de empreender em poucas palavras:
“Empreendedores sociais desempenham o papel de agentes de mudança no setor social, ao adaptar uma missão para criar e sustentar um valor social (não apenas um valor individual), reconhecer e procurar obstinadamente novas oportunidades para servir essa missão, empenhar-se em um processo contínuo de inovação, adaptação e aprendizagem; agir com ousadia sem estar limitado pelos recursos imediatos e exibir maior responsabilidade para com os constituintes atendidos e para os resultados criados.”
Dentro desse universo, temos resumidamente dois formatos:
- As OSCs (Organizações da Sociedade Civil, mais conhecidas como ONGs), que podem ser Associações e Fundações e não podem ter finalidade lucrativa. Significa que todo o lucro da operação deve ser reinvestido na própria organização e em suas iniciativas de impacto.
- Os negócios sociais ou negócios de impacto, por outro lado, são configurados juridicamente como empresas do segundo setor. A diferença é que a sua maior prioridade deve ser a geração de impacto socioambiental positivo. Originalmente, o conceito definia que esses empreendimentos não poderiam distribuir dividendos. Porém, existem vertentes na defesa de que esses negócios podem, sim, gerar lucro, desde que se comprometam a um propósito de impacto positivo e a mensurar esse impacto com constância.
Como a Ago define o empreendedorismo social?
Para responder a essa pergunta de forma concreta, levamos a pauta para a nossa equipe e tivemos excelentes contribuições. Alguns exemplos:
- Empreendedor Social é aquele que, individualmente ou como organização, atua de alguma maneira para mudar a realidade social da comunidade que lhe interessa – visão do nosso Gerente de Projetos Renato Mathias.
- Empreendedor Social é aquele que vê um problema social como uma fonte de trabalho autossustentável – definição do nosso Gerente de Projetos Patrick Schoenardie.
Por fim, a definição com a qual mais nos identificamos veio da Talita Duprat, que faz parte da nossa equipe de Gestão Educacional:
“A gente ajuda quem ajuda! Tão simples quanto! Independentemente da causa, do formato jurídico (ONG ou negócio de impacto) ou do tamanho do empreendimento”.
No fim das contas, essa sentença define bem o nosso modo de atuação.
Para nós, não importa o nível de instrução, se a atuação é individual ou em conjunto com uma organização, se a ação é formalizada ou não, se gera ou lucro ou não, e se o impacto é local ou global.
Se você está tentando melhorar a realidade social ou ambiental do seu entorno, será recebido de braços abertos pelo time Ago Social!
O empreendedorismo social no Brasil em números
No Brasil, há uma impressão muito grande, para quem vê de fora, de que o terceiro setor gera pouco impacto econômico no país.
Quantas vezes você já não viu ou ouviu pessoas fazendo aquele paralelo entre viver de propósito ou ter uma vida financeira confortável, como se fossem duas coisas completamente antagônicas?
Há uma certa chance de você mesmo estar vivendo esse dilema neste momento.
Mas a realidade é que os números impressionam, e é perfeitamente possível combinar as duas coisas, desde que o impacto social seja colocado em primeiro lugar.
Um estudo recente realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), realizado sob coordenação da Sitawi Finanças do Bem e iniciativa do Movimento por uma Cultura de Doação, intitulado A Importância do Terceiro Setor para o Brasil, publicou os seguintes dados:
- As atividades do Terceiro Setor contribuem com 4,27% do PIB brasileiro, mais do que a fabricação de automóveis (1,73%), e equivale quase à contribuição da agricultura (4,57%), por exemplo;
- O montante representaria R$423 bilhões, em 2022;
- As 3 atividades sem fins lucrativos de maior impacto no setor são: saúde (42%), educação (18%) e atividades artísticas (7%);
- Cerca de 5,88% dos postos de trabalho do Brasil estão no Terceiro Setor. Em outras palavras, são 6 milhões de empregos;
- Quase 80% do valor adicionado gerado pelo Terceiro Setor ainda está concentrado nas regiões Sul e Sudeste.
Diante desses dados, fica impossível levantar dúvidas sobre a importância do setor de impacto para o nosso país.
De qualquer forma, há ainda muito trabalho a ser feito para democratizar o acesso a conhecimento, conexões e capital.
As iniciativas ainda estão muito concentradas no Sudeste, região mais rica do país.
A Ago quer mudar essa realidade, dando a oportunidade a todos os empreendimentos sociais de obterem sucesso.
Quais são os principais desafios do empreendedorismo social no país?
Escolher entre os dois formatos de empreendimento de impacto citados anteriormente (ONG ou negócio de impacto), sem dúvida é um dos primeiros grandes desafios dos empreendedores sociais.
Porém, existem muitos outros que você deve conhecer, caso queira facilitar a sua jornada.
Confira a seguir alguns dos desafios mais comuns listados em entrevistas com alunos da Ago Social.
Ter mais conhecimento e experiência com o setor
Muitos empreendedores sociais começam as suas jornadas com um propósito muito forte, porém sem muito conhecimento do setor de impacto e dos atores que fazem parte dele.
É importante saber que existem organizações de fomento, incubadoras, aceleradoras, fundos de investimento, entre outros stakeholders (pessoas de interesse) que também fazem parte desse universo.
Saber disso pode fazer diferença para saber que tipo de conexão pode ser feita para superar outros desafios dessa jornada.
Conhecer e se relacionar com organizações como o Instituto Phi, que atua no intermédio de doações de pessoas físicas e jurídicas para OSCs, pode facilitar a captação de investimentos/recursos que dificilmente seriam acessados sem essa conexão.
Tirar o projeto do papel
É comum que empreendedores sociais, no início de suas jornadas, se vejam soterrados de ideias, mas sem conseguir sair do lugar.
Quando isso acontece, é muito importante ter foco. Primeiramente, você sabe exatamente qual problema socioambiental quer resolver?
Esse é o primeiro passo para definir a solução que o seu empreendimento pretende desenvolver para gerar transformação positiva para a sociedade ou o meio ambiente.
Para isso, é possível usar ferramentas da inovação social, que é o processo de criação de uma nova solução de impacto socioambiental.
Depois disso, você será capaz de organizar as ideias para que sejam aplicadas em um modelo de negócio financeiramente sustentável.
Definir um modelo de sustentabilidade financeira
Muitas vezes, durante o processo de levantamento de ideias, o empreendedor ou a empreendedora podem se ver soterrados(as) de possibilidades e ter dificuldade para organizá-las.
Infelizmente, isso faz com que muitos empreendedores sociais estacionem em sua jornada por se verem limitados por questões como falta de tempo ou dinheiro. É fundamental, neste momento, pensar em um modelo de negócio financeiramente sustentável.
Importante dizer nesta hora que isso vale para empreendimentos com ou sem fins lucrativos. Sem uma base sólida de sustentabilidade financeira, as ações tendem a se tornar pontuais e restritas em seu alcance.
O modelo de negócio é basicamente um conjunto de estratégias e processos que permitem à organização agregar algo significativo para todas as partes interessadas envolvidas, como beneficiários, clientes, fornecedores, entre outros.
Um exemplo de modelo de negócio
Vamos usar como exemplo uma organização que trabalha com pessoas em situação de rua, capacitando-as e operando uma fábrica de camisetas. Ela gera valor ao oferecer capacitação e renda para as pessoas em situação de rua, qualidade e preço acessível para os clientes e oportunidades de negócio para os fornecedores.
A entrega de valor ocorre por meio de cursos de capacitação e produção de camisetas. A organização captura valor financeiro dos clientes – que compraram as camisetas – e gera valor pelo trabalho realizado pelas pessoas capacitadas. Essa relação equilibrada de geração e captura de valor torna a relação com todas as partes envolvidas sustentável.
Percebeu os elementos que formam um modelo de negócio de impacto sustentável?
- Proposta de impacto positivo;
- Geração de valor;
- Captura de valor;
- Relação equilibrada entre impacto e sustentabilidade financeira.
Testar e aprimorar a viabilidade do modelo de sustentabilidade
Mesmo depois da definição do modelo de negócio, é comum que os empreendedores sociais nessa etapa da jornada tenham dificuldades para viabilizar suas ações.
As coisas que eram lindas no papel podem não acontecer conforme o planejado, o que pode ser frustrante, principalmente quando se coloca um esforço muito grande, seja financeiro ou de tempo.
Nestas circunstâncias, a dica da Ago é: comece pequeno e cresça aos poucos.
Para isso, existem conceitos como o MVP (Mínimo Produto Viável, em português), que consiste na ideia de fazer testes simples com a mínima necessidade de investimento de tempo ou dinheiro.
Podemos voltar ao exemplo da organização que capacita as pessoas em situação de vulnerabilidade enquanto opera uma fábrica de camisetas.
Certamente não faz sentido, logo de cara, ter uma mega operação, envolvendo maquinário e dezenas de pessoas produzindo, caso não haja demanda para essa quantidade de produtos.
Uma opção seria começar com máquinas de costura emprestadas ou doadas por pessoas da comunidade ou empresas ligadas ao ramo da moda, atendendo um número limitado de alunos para um curso básico de costura. As primeiras peças produzidas nesse curso poderiam ser comercializadas como forma de testar os canais de venda.
Entenda que o objetivo aqui é reduzir ao máximo os custos e os esforços operacionais. Desse modo, o modelo passa por uma fase de testes sem muitos impeditivos.
Mensurar o impacto gerado pela organização
Como estamos falando de uma organização ou negócio que se propõe a gerar impacto, é importante que esse elemento seja avaliado com frequência nas ações do empreendimento social.
Essa avaliação, depois da validação do modelo de negócio, será muito importante na hora de buscar por investimento externo e expandir as ações do empreendimento. Uma das principais metodologias utilizadas para mensurar impacto é a Teoria da Mudança.
Ela consiste, basicamente, em definir como um objetivo bem específico o impacto que o empreendimento pretende causar. A partir disso, criam-se os passos necessários para alcançar a meta.
Desta forma, a ferramenta oferece um “mapa” com a sequência lógica de ações, recursos, objetivos, resultados e impactos esperados, sempre com foco na visão de longo prazo.
Com base nas metas estipuladas no início desse processo, é possível mensurar como está o progresso das atividades ao longo do tempo.
Para estruturar uma boa teoria da mudança, você precisa responder às seguintes perguntas, usando ainda o exemplo da fábrica de camisetas:
- Que problemas queremos resolver? A realidade da população em situação de rua, que enfrenta dificuldades financeiras, falta de oportunidades e exclusão social.
- Quem são as pessoas envolvidas (stakeholders)? Beneficiários (pessoas em situação de rua), clientes, fornecedores de matéria-prima e materiais para produção, parceiros institucionais e comunidade local.
- Por quais canais vamos chegar até elas? Contato com ONGs locais que atendem o mesmo público, campanhas em locais públicos frequentados pelas pessoas em situação de rua e LinkedIn para se aproximar de atores estratégicos que podem vir a se tornar parceiros.
- O que faremos, de fato? Transformar a vida das pessoas em situação de rua, oferecendo oportunidades de capacitação e renda estável. Esse objetivo será alcançado por meio da operação de uma fábrica de camisetas, que fornece produtos de qualidade e preço acessível para os clientes, enquanto promove o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus beneficiários;
- Qual será o efeito mensurável? Taxa de empregabilidade (curto prazo); renda gerada (curto e médio prazo); redução da população em situação de rua (longo prazo).
- Quais são os benefícios percebidos pelos stakeholders? Possibilidade de reintegração social e redução da vulnerabilidade (beneficiário); sentimento de contribuição para a inclusão social e a geração de oportunidades (cliente); parceria com uma organização com propósito social (fornecedores); aumento da atividade econômica local (comunidade). É interessante que sejam listados pelo menos três diferentes benefícios para cada stakeholder.
A partir da teoria de mudança você terá mais clareza do que fazer, como fazer e quais são os resultados esperados a curto, médio e longo prazo pelo empreendimento social.
Exemplos de empreendedorismo socioambiental no Brasil e no mundo
Uma boa forma de buscar sucesso é estudar a jornada de outros empreendedores sociais pelo mundo. Confira alguns exemplos que trouxemos para você:
Ago Social
A Ago Social é uma escola para empreendedores socioambientais. O objetivo da Ago é transformar propósito em ação por meio de uma metodologia baseada nos 3 C’s, que são elementos essenciais para a evolução de qualquer empreendimento de impacto socioambiental:
Conhecimento: por meio de aulas e cursos gratuitos, eventos e programas imersivos, a Ago oferece conteúdo prático e alinhado aos principais desafios dos empreendedores para que conheçam o passo a passo para superá-los.
Conexões: durante os programas, os alunos e alunas têm acesso a professores que são referência no ecossistema, desde empreendedores experientes até profissionais especialistas no setor, com quem podem compartilhar suas experiências. Além disso, ao acessar um programa da Ago, os empreendedores sociais participam automaticamente de uma comunidade de trocas, onde podem fazer parcerias e criar uma rede de networking e apoio mútuo.
Capital: de forma direta ou indireta,viabiliza acesso a capital aos empreendimentos que fazem parte da comunidade. Seja a partir da parceria com empresas ou por meio do suporte ao desenvolvimento institucional para a busca por investimento, a Ago trabalha para construir um ecossistema com empreendimentos mais sustentáveis financeiramente e prontos para expandir o impacto gerado.
Muhammad Yunus
Conhecido como o pai dos negócios sociais, Muhammad Yunus é um economista e empreendedor social de Bangladesh. Ele fundou o Grameen Bank em 1983, uma instituição que fornece pequenos empréstimos e serviços financeiros para pessoas de baixa renda, especialmente mulheres que não têm acesso aos bancos tradicionais.
A ideia do microcrédito, desenvolvida por Yunus, é uma inovação social que consiste em oferecer empréstimos de pequeno valor a empreendedores de baixa renda, sem a necessidade de garantias convencionais. Esses empréstimos permitem que as pessoas iniciem ou expandam seus negócios, saiam da pobreza e melhorem suas condições de vida.
Muhammad Yunus
O trabalho de Yunus e do Grameen Bank foi reconhecido internacionalmente e recebeu vários prêmios, incluindo o Prêmio Nobel da Paz em 2006. Sua abordagem inovadora influenciou políticas públicas e inspirou outros empreendedores sociais. Atualmente é um dos maiores nomes ligados ao empreendedorismo social no mundo.
Gerando Falcões
A Gerando Falcões se autointitula um ecossistema de desenvolvimento que nasceu na favela. A organização social brasileira foi fundada por Eduardo Lyra em 2011. Ela tem como missão combater a desigualdade social e promover a transformação de comunidades em situação de vulnerabilidade por meio de projetos e ações que visam empoderar e desenvolver jovens e suas famílias.
Edu Lyra
A organização atua em diversas áreas, buscando promover a inclusão social, a educação, o esporte, a cultura, a qualificação profissional e o empreendedorismo nas comunidades em que está presente. Seus programas proporcionam oportunidades para que os jovens e suas famílias superem desafios e transformem a pobreza das favelas em uma peça de museu.
Uma das principais frentes da Gerando Falcões atualmente é a rede de ONGs de todo o Brasil que recebe aportes financeiros e empoderamento de suas lideranças para que aumentem a sua capacidade de impacto. Atualmente, já são mais de 6 mil favelas impactadas, mais de mil ONGs participantes em 26 estados brasileiros.
TETO
A TETO é uma organização que trabalha pela construção de um país justo e sem pobreza. Atuante há 15 anos no Brasil, é uma grande referência na mobilização de voluntários e voluntárias para a construção de moradias de emergência e construção de projetos de infraestrutura comunitária.
Ação da ONG TETO
Somente até 2021, a TETO indica ter mobilizado mais de 76.196 pessoas para as suas ações. Durante a pandemia do COVID-19, foram R$1.235.340 em cestas básicas e kits de higiene para famílias em situação de vulnerabilidade.
Em 2022, figurou entre as 100 melhores ONGs do Brasil.
Ashoka
A Ashoka é uma grande referência no ecossistema de impacto e precursora do empreendedorismo social no Brasil. A organização social foi criada em 1980 na Índia e atua desde 1986 no Brasil, sendo considerada a 5º ONG de maior impacto social no mundo (dados da NGO Advisor).
O trabalho da Ashoka aqui no país é focado nas seguintes áreas: empreendedorismo social e conscientização de crianças e jovens sobre o que é ser um agente de transformação positiva.
Empreendedores sociais da Ashoka
Um exemplo dessa conscientização se dá por meio das Escolas Transformadoras Ashoka, onde alunos e alunas aprendem habilidades de empatia, criatividade, reflexão, liderança e trabalho em equipe para que possam atuar na busca por soluções para problemas sociais complexos.
Na frente de empreendedorismo, a Ashoka conta com uma rede de empreendedores e empreendedoras sociais com mais de 3800 pessoas reconhecidas no mundo todo. Além do reconhecimento, eles recebem bolsas de até três anos para que possam se dedicar integralmente ao empreendimento e garantem uma vitrine que permite maior visibilidade para suas ações, além da participação em uma comunidade global.
Patagonia
Estudar o case da Patagonia é uma ótima forma de entender como o setor privado pode contribuir diretamente para a geração de impacto positivo.
O fundador e proprietário da marca americana de equipamento e vestuário para atividades outdoor, Yvon Chouinard, decidiu doar 100% da companhia (avaliada em US$ 3 bilhões) para fundos e organizações que atuam no combate ao aquecimento global. Além disso, Yvon decidiu que todo o lucro da companhia será revertido para a causa ambiental.
Yvon Chouinard
Porém, essa não é a única forma de uma empresa do segundo setor contribuir para o impacto positivo, e Yvon sabe disso há muito tempo. Em 1994, a Patagonia foi a primeira companhia estadunidense a vender roupas feitas inteiramente de materiais recicláveis e, desde 2005, aceita roupas usadas dos clientes como parte do pagamento por produtos da marca.
A geração de impacto positivo ou mitigação do impacto negativo faz parte da agenda ESG (do inglês Environmental, Social and Governance), termo usado para avaliar se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e bem gerenciada.
Rede Asta
A Rede Asta é um negócio social que opera por meio das cadeias sustentáveis. Este modelo de negócio funciona muito bem para inclusão econômica, destinado para populações que não têm acesso a renda.
Lembra do exemplo que citamos anteriormente, da organização que trabalha com pessoas em situação de rua? Aquele é um exemplo da aplicação do modelo.
Ação da Rede Asta
A Asta trabalha na geração de renda e inclusão de mulheres através do artesanato. Fundada por Alice Freitas, a empresa organiza polos produtivos, capacita as mulheres e atua nas vendas dos produtos tanto no mercado B2C (venda para consumidores), quanto B2B (venda para empresas).
Atualmente, o empreendimento conta com 1200 membros na rede e já gerou mais de R$20 milhões em renda.
Olha o Peixe
A Olha o Peixe começou quando Bryan Renan Müller percebeu que pescadores artesanais no Paraná enfrentavam dificuldades para vender seus pescados por um preço justo.
O negócio, além de pagar o valor adequado aos pescadores, inclui as famílias no processo de preparação do pescado para o consumo, aumentando a geração de renda familiar (outro exemplo de cadeias produtivas na prática).
A venda é feita pelo negócio, por meio de um clube de assinatura, vendas individuais e vendas para restaurantes e outros estabelecimentos.
A Olha o Peixe foi um dos primeiros negócios que recebeu investimento da Ago Social. Além disso, o fundador atualmente faz parte da nossa rede de professores.
Moradigna
Outro exemplo de empreendimento social é o negócio chamado Moradigna, liderado por Matheus Cardoso, também professor da Ago Social. O Moradigna atua na área de reformas para famílias de baixa renda, oferecendo um serviço de qualidade com preços acessíveis e condições de pagamento adaptadas à realidade dessas famílias.
André Albuquerque
Por meio de uma gestão integrada das reformas e acesso a crédito facilitado, o Moradigna permite que as famílias realizem reformas completas em suas casas, melhorando significativamente sua qualidade de vida.
Com uma abordagem inovadora e adaptada às necessidades do público-alvo, o Moradigna tem experimentado um crescimento significativo, investindo em tecnologia e tornando seu modelo clássico de negócio um sucesso no contexto do empreendedorismo social.
Terra Nova
Liderado pelo seu fundador, André Albuquerque, Terra Nova é um negócio que se dedica à regularização fundiária, solucionando conflitos entre proprietários de terras e famílias que ocupam essas áreas de forma irregular.
Em vez de recorrer a processos judiciais que resultam na expulsão das famílias e na destruição de suas casas, a Terra Nova adota uma abordagem de intermediação, negociando a compra do terreno e estabelecendo um sistema de pagamento parcelado pelas famílias.
Além disso, a Terra Nova investe na infraestrutura dessas áreas, fornecendo eletricidade, água, esgoto e melhorias (como, por exemplo, asfalto), transformando comunidades de invasões em locais estruturados e bem planejados.
Esse modelo de negócio baseado no subsídio cruzado, no qual algumas famílias pagam para subsidiar o acesso gratuito ou a preços reduzidos de outras, tem permitido à Terra Nova gerar um impacto social significativo em todo o Brasil.
Hoje, ela está presente em 11 municípios de 4 estados brasileiros e já atendeu 30 comunidades, com mais de 48 mil pessoas beneficiadas.
Preta Hub
Fundado por Adriana Barbosa, o PretaHub nasceu a partir de uma feira de produtos e serviços de empreendedores negros. Atualmente é um centro voltado à promoção de criatividade, inventividade e tendências pretas.
Adriana Barbosa
Já são mais de 10 mil empreendedores e empreendedoras impactados e mais de 11 milhões de reais investidos. Entre os projetos do PretaHub, está a Feira Preta, que nasceu em 2002 e se tornou o maior festival de cultura negra da América Latina.
Além disso, também há programas de aceleração para mulheres negras e indígenas; programas de apoio, promoção e impulsionamento do afroempreendedorismo (Afrolab); e um programa que dialoga com instituições privadas, públicas e marcas para promover a cultura da diversidade racial dentro das organizações (Conversando a Gente se Aprende).
O grande objetivo do empreendimento é a inclusão de empreendedoras e empreendedores negros em um ecossistema empreendedor mais justo e equilibrado em oportunidades e resultados, desde a criação, até a produção e estratégias de distribuição e consumo.
Como criar um negócio social bem-sucedido?
Você pode ver nos exemplos citados anteriormente que um empreendimento social pode ter diversos modelos de negócio e atuar pelas mais diversas causas. E para criar um negócio social bem sucedido, essa é a primeira coisa que você precisa: ter uma causa bem definida.
Depois de definido o problema socioambiental que se pretende resolver, você deve partir para os seguintes passos:
- Entenda, a partir de pesquisas, quais são as principais origens desse problema;
- Defina, de forma conjunta com as partes interessadas (principalmente o seu beneficiário final), possíveis soluções para o problema;
- Escolha uma solução central e faça pequenos testes;
- Construa um modelo de negócios e defina um MVP (Mínimo Produto Viável) para validá-lo antes de partir para uma estrutura robusta;
- Continue ampliando os testes em diferentes canais para encontrar estratégias para tracionar as vendas;
- Prepare-se com dados de resultados e impacto gerados para iniciar a busca por investimento externo.
Seguindo esse passo a passo e procurando constantemente conexões com empreendedores sociais que estão na mesma jornada, além de mentores que podem te guiar e dar suporte diante dos desafios, você estará muito mais preparado ou preparada para alcançar resultados incríveis com o seu empreendimento social.
Quais são as principais características dos empreendedores sociais de sucesso?
Existem diversas linhas de estudo que avaliam comportamentos que levam ao sucesso na jornada empreendedora. Uma delas, adotada por nós aqui da Ago Social, é a teoria do Effectuation (Efetuação, traduzido livremente para o português), criada por Sara Sarasvathy.
Essa teoria defende que o(a) empreendedor(a) deve focar no que está sob seu controle para colocar suas ideias em prática e buscar o sucesso em seu empreendimento. A teoria é estruturada em 5 pilares, que nos ajudam a entender algumas das características dos empreendedores sociais de sucesso:
1 – Pássaro na mão
Principalmente no início da jornada, é comum que os empreendedores foquem muito naquilo que falta para colocar suas ideias em prática. O primeiro pilar do effectuation vem da famosa frase “melhor um pássaro na mão do que dois voando” e indica que é mais produtivo olhar para o que existe ao alcance para iniciar a operação.
Dessa forma, fica ainda mais fácil aplicar um MVP, considerando que você precisa de agilidade no início para testar e validar o modelo de negócio. Podemos dizer, então, que uma característica importante de empreendedores sociais de sucesso é a habilidade de simplificar ideias para aplicá-las de maneira ágil.
2 – Perda acessível
É comum que muitos empreendedores inexperientes invistam todas as economias que possuem em seus empreendimentos. Porém, a teoria do Effectuation defende que é necessário fazer a gestão dos recursos de maneira muito criteriosa, principalmente no início. Em outras palavras, entender o risco das ações e permitir que os erros no meio do caminho não comprometam completamente a ideia.
Portanto, é possível afirmar que outra característica empreendedora importante é a capacidade de gerir os recursos disponíveis de forma coerente, analisando e gerenciando os riscos internos e externos.
3 – Manta de retalhos
Esse, para nós, é um dos pontos mais importantes de uma jornada empreendedora. A “manta de retalhos” se refere à importância da formação de parcerias. Afinal, o começo da trilha do empreendedorismo social pode ser muito solitária.
Por isso, é fundamental que o empreendedor social saiba se relacionar bem, sempre trabalhe o networking e busque parcerias dentro e fora da comunidade onde atua para alcançar novas oportunidades e mercados.
4 – Limonada
Como o velho ditado diz, “se a vida te dá limões, faça limonada”.
A habilidade de saber lidar com as surpresas no meio do caminho, de ser capaz de mudar de rota e se adaptar a diferentes cenários é vital para qualquer empreendedor.
5 – Piloto de avião
A ansiedade, por vezes, prejudica empreendedores durante suas trajetórias. Ela faz, por exemplo, com que se antecipem em prever inúmeros cenários.
Porém, o quinto pilar do Effectuation defende que, melhor do que a previsão, é o foco no que está sob nosso controle.
Como a Ago Social pode ajudar empreendedores sociais a alcançarem seus objetivos?
A Ago atua desde 2021 com foco em impulsionar o empreendedorismo social no Brasil. Para isso, nós atuamos em duas principais frentes:
1 – Programas abertos
Realizamos pesquisas profundas com empreendedores e gestores de organizações e negócios de impacto social de todo o país. A partir disso, desenvolvemos conteúdos gratuitos e pagos com foco em ajudar esses atores a superarem seus desafios.
Após participar dos programas pagos, os alunos passam a fazer parte de uma comunidade onde podem trocar experiências e formar parcerias com seus pares.
Entre os nossos principais programas, estão o Captação Inteligente, Empreendedorismo Social na Real, Liderança para o Impacto e AcelerAção.
2 – Programas corporativos
Ajudamos empresas, institutos e fundações que buscam fortalecer empreendimentos sociais por meio de projetos e programas personalizados de aceleração e mentoria voluntária corporativa.
Todos os programas são baseados em metodologias exclusivas da Ago.
Já firmamos parcerias com grandes companhias e fundações, como o banco BTG Pactual, a B3 e a Fundação FEAC, que permitiram a formação de dezenas de empreendedores e empreendedoras sociais de todo o Brasil.
3 – Conteúdo feito de empreendedores sociais para empreendedores sociais
Como você pode ver ao longo do artigo, a jornada do empreendedorismo social é repleta de desafios. Você pode estar começando ou já ter anos de experiência, uma certeza é que sempre existirão novas dúvidas e obstáculos no meio do caminho para a geração de impacto que você deseja.
Outra certeza é que a Ago vai estar aqui para te ajudar a superar esses obstáculos e encontrar novos caminhos para o sucesso do seu empreendimento social.
Fazemos pesquisas constantes com centenas de empreendedores do Brasil todo e utilizamos como embasamento para criar conteúdos como esse que você acabou de ler. Então, se quiser receber mais materiais feitos de empreendedores sociais para empreendedores sociais, ” target=”_blank” rel=”noreferrer noopener”>clique aqui e faça o seu cadastro!