Você já teve alguma dessas dúvidas em algum momento?
A resposta para essas perguntas é uma só: é preciso mensurar o impacto social.
Essa atividade é fundamental para qualquer empreendimento, afinal de contas, promover impacto é o produto final de toda ação socioambiental!
Por isso, se você quer saber como fazer a mensuração do impacto produzido pelas suas iniciativas, continue por aqui e leia até o final.
“Impacto” se refere às transformações que acontecem a partir de uma ação. No nosso caso, mudanças socioambientais produzidas por um programa ou projeto.
De acordo com a definição do Idis, Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, “enquanto resultados se relacionam com as conquistas concretas, que, em geral, representam o alcance e a amplitude da iniciativa, o impacto pode ter uma natureza mais subjetiva – relacionado à ideia de transformação social.”
Mas, embora seja uma prática tão relevante, ela ainda não está presente no planejamento de todas as organizações e negócios sociais.
Para começar a mudar essa realidade, o primeiro passo é ter dimensão dessa importância.
Vamos pensar juntos.
Partindo da premissa de que as organizações e os negócios sociais existem, por natureza, para gerar impacto positivo, faz todo o sentido entender se essa finalidade está sendo cumprida e o em que intensidade.
Temos que considerar, ainda, outro ponto importante.
A captação de recursos está diretamente vinculada a essas informações, afinal, doadores e investidores sociais precisam se certificar de que o capital está sendo aplicado em soluções que efetivamente geram benefícios.
Essa avaliação vai determinar questões importantes:
Agora, como seria possível tomar decisões acertadas a respeito de tudo isso sem consultar dados concretos? E como acessar esses dados sem um acompanhamento estruturado e sistemático?
Não existe uma única fórmula para mensurar o impacto social.
O recomendável é que comece antes da implementação do projeto (levantamento de um marco zero com dados iniciais, os quais funcionarão como base de comparação).
Deve, então, ter prosseguimento durante a execução das ações e finalizar no longo prazo (preferencialmente após um ano ou mais da realização da intervenção).
Contudo, uma boa avaliação traz respostas objetivas para três perguntas:
O que fazemos?
Em geral, a mensuração vai se relacionar com os objetivos e a missão que movem o trabalho. Considerando isso, a medição pode contemplar alcance, crescimento, evolução qualitativa, entre outras análises.
Por que fazemos?
O monitoramento dos resultados acontece para atender a algumas necessidades: decisões estratégicas, planejamento, prestação de contas, transparência perante os stakeholders, gestão de performance, divulgação, engajamento. Você precisa considerar cada uma das demandas para garantir que, ao final, a resposta tenha sido medida.
Para quem fazemos?
Para quem os resultados serão apresentados? Comunidade? Voluntários? Beneficiários? Equipe interna? Parceiros? Sociedade? Doadores? Investidores?
Essa clareza será fundamental para a estruturação de todo o processo, algo que é feito a partir de ferramentas de mensuração. Entre os métodos mais usados estão a Teoria da Mudança e o SROI.
A Teoria da Mudança é uma metodologia muito comum no cenário do empreendedorismo social e ambiental para construir e direcionar projetos de impacto positivo.
Ela fornece a visão da transformação desejada e apoia no planejamento e na preparação para mensurar o impacto.
Na hora de elaborar uma Teoria da Mudança, você deve partir do propósito (impacto) desejado e, em seguida, estabelecer os caminhos para chegar até ele.
Os elementos que compõe esse plano são os seguintes:
Fonte: PUC-PR
O Retorno Social sobre Investimento é um modelo que avalia comparativamente o valor dos recursos investidos em um projeto com o valor social gerado.
Na prática, permite entender que a cada R$1 investido, foi gerado um valor X em benefícios sociais.
Diferente da métrica de ROI (Retorno sobre Investimento), usada em negócios sem foco socioambiental, o SROI está mais relacionado com valor social do que com dinheiro.
Em outras palavras, ele mostra transformações, não apenas números.
O cálculo dessa metodologia se faz a partir de três conceitos:
A intenção final é que a avaliação esteja fundamentada nas percepções e impactos sobre os stakeholders, principalmente os beneficiários.
Seja qual for a ferramenta que você utilizar, serão necessários indicadores de execução e de desempenho. Eles nortearão os acompanhamentos conforme os objetivos estabelecidos.
Nesta hora, surge a dúvida “quais indicadores utilizar?”.
Quanto a isso, infelizmente, não existe uma resposta única.
O caminho a ser seguido é transformar os objetivos específicos em perguntas que vão originar dados, sempre as vinculando ao problema que se escolheu enfrentar.
Essa construção ajudará a entender como as ações estão se desdobrando e trarão a noção comparativa do que aconteceria se nada fosse feito.
Traduzindo: o trabalho está levando ao impacto que foi proposto ou não? E em que medida?
Imagine um projeto ou ação que se propõe a reduzir o nível de analfabetismo de uma região.
Podemos analisar dentro dele:
Note que os indicadores garantem uma visão do que aconteceu ao longo do processo. Outros, indicam o legado do projeto, se houve mudanças estruturais ou de mentalidade no longo prazo.
Essa é a ideia.
Para alcançar todas essas diferentes visões, os indicadores devem ser pensados estrategicamente e serem o mais específicos quanto for possível.
Por exemplo, em uma causa que atue com empoderamento feminino, perguntas como “quantas mulheres foram empoderadas” não mede nem um resultado específico, nem o impacto gerado.
Afinal de contas, o que significa “ser empoderada”? É algo abstrato demais.
Qualquer avaliação depende de informações mais precisas, como:
São vários os desafios relacionados à mensuração do impacto:
Por essa razão, quanto mais conhecimento, maiores serão as chances de ter sucesso nessa missão.
Não raramente, ao final da mensuração, as informações não são observadas e utilizadas em seu máximo potencial.
O que precisa acontecer, diante dos resultados finais dos indicadores são movimentos como:
Essa avaliação, por sua vez, precisa se desdobrar em outras ações (as quais são definidas de acordo com o objetivo e o planejamento estabelecidos inicialmente):
Nós sabemos: não é um trabalho simples.
Acompanhar, medir e interpretar dados subjetivos e visualizar os impactos indiretos derivados de programas ou projetos é desafiador.
Bem como calcular a correspondência entre o impacto e o investimento que foi feito.
Tudo isso ainda considerando a necessidade de acompanhamento posterior ao final da intervenção – uma vez que o impacto nem sempre ocorre imediatamente -, manter os registros dos envolvidos e garantir que o contato não se perca.
Essas barreiras devem ser superadas com a escolha das ferramentas e dos métodos mais compatíveis com a realidade e os meios disponíveis de cada organização.
E também dependem de muita organização interna, comprometimento, bom planejamento e uma gestão de monitoramento permanente de todo o processo.
O impacto positivo de uma ação ou projeto não somente é a razão de ser de uma organização social, é algo que tem um potencial ainda maior, como influenciar decisões políticas, garantir melhorias para importantes dores da sociedade e mudar vidas.
Eis aí a necessidade de podermos visualizar o nível de relevância, eficiência, sustentabilidade e poder de transformação.
Mensurar o impacto social permite ver o verdadeiro valor do projeto, promover a transparência, tomar decisões assertivas e pensar em novas iniciativas para expandir esse impacto para um universo ainda maior!
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