Muitos empreendedores do setor socioambiental ainda têm dúvidas sobre o que é ESG e como utilizar-se dessa tendência para captar recursos e financiar suas atividades de impacto positivo.
Em resumo, o ESG é uma resposta das grandes empresas às preocupações dos consumidores, fornecedores, colaboradores e investidores. A sigla se refere ao conceito de ações ambientais, sociais e de governança. A partir dele, se estabelecem compromissos com comportamentos positivos e responsáveis por parte das corporações.
Para os empreendimentos socioambientais passou a ser imprescindível compreender essa dinâmica de interesses empresariais. Com ela, se chega a uma alternativa de fonte de recursos para suas atividades.
Esse tema esteve presente recentemente no evento online Ago Talks #2, promovido pela Ago Social, o qual promoveu uma conversa com pessoas de grande importância na área:
- Juliana de Paula, diretora de responsabilidade social da BTG Pactual;
- Marcos Pinheiro, diretor-executivo do Instituto Escola Conectada;
- Daniela Akiau, gestora de projetos de impacto na Trê Investindo com Causa.
Neste artigo reunimos o que foi falado por lá: definição de ESG, como ele ajuda empreendedores sociais e ambientais a captar recursos, e ainda, exemplos de sucesso. Acompanhe!
O que é ESG
O termo ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) é usado para avaliar se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e bem gerenciada. Essa verificação acontece por meio de padrões e boas práticas relacionados ao meio ambiente, à sociedade e à governança.
Segundo Juliana de Paula, o ESG é uma abordagem que considera esses três aspectos na atuação de empresas, empreendedores sociais e organizações sociais. São iniciativas que buscam reduzir os impactos negativos e contribuir para um planeta mais sustentável.
Como exemplo, ela citou o BTG Pactual, banco em que atua. Lá, dentro do pilar “E” (ambiental) são usadas técnicas de neutralização de carbono.
Além destas práticas, também estão contempladas atitudes voltadas ao social, o S do ESG: oferta de programas de aceleração e outras ações para o fortalecimento de empreendimentos sociais em áreas como liderança, gestão e sustentabilidade financeira.
Por que as empresas investem em ESG
São vários os motivos para as empresas se utilizarem das práticas de ESG. Entre elas estão:
- Melhorar o desempenho financeiro, pois as empresas que praticam ESG conseguem reduzir perdas, aumentar a eficiência, elevar a competitividade e atrair mais investimentos.
- Fortalecer a marca, pois demonstram preocupações muito válidas. Exemplos disso são a conservação do meio-ambiente, o bem-estar dos seus colaboradores, clientes, fornecedores e comunidade, além de uma gestão ética e transparente.
- Atrair e reter talentos, uma vez que se tornam atraentes para os profissionais que buscam um propósito alinhado aos seus valores e que querem contribuir para o desenvolvimento sustentável.
- Engajar os colaboradores, pois a tendência é que essas empresas promovam um ambiente de trabalho mais saudável, inclusivo e motivador, que estimula a participação e a inovação.
- Contribuir para a solução dos problemas sociais e ambientais, afinal, elas assumem um papel ativo na promoção da sustentabilidade e da responsabilidade social. Essa postura tende a gerar impactos positivos para o planeta e para as pessoas.
Como o ESG das empresas influencia a vida do empreendedor socioambiental
Como foi possível notar, o conjunto de práticas do ESG ajuda a mitigar possíveis impactos ambientais e sociais negativos. Sendo assim, ele é necessário e válido por si só.
Mas, para o empreendedor social, como isso o ajuda?
Segundo Daniela Akiau, da Trê Investimentos, vivemos uma boa fase para o empreendedor social mostrar ao mundo o que faz e o seu resultado. Atualmente, as corporações querem demonstrar aos acionistas e à sociedade em geral que respeitam as causas sociais e do meio ambiente. Logo, estão dispostas a investir recursos nesse sentido.
Frequentemente, no entanto, não têm o know-how ou a clareza acerca de que problemas podem ser resolvidos, ou como. Aí entram as organizações sociais, aqueles agentes que estão no campo de batalha e têm disposição e conhecimento para consertar os problemas do nosso mundo — precisando apenas dos recursos.
Já para Marcos Pinheiro, da Escola Conectada, para que esse casamento seja feito, é obrigação do captador de recursos ou do gestor de organização saber o que é ESG. Não apenas na teoria, mas entender exatamente o impacto que as empresas querem ter no mundo e pelo qual estão dispostas a dedicar tempo, pessoas e dinheiro.
Case da Arcos Dourados, do McDonald’s
Marcos trouxe, ainda, um caso real para ilustrar o conhecimento que estava sendo tratado no evento.
Em um processo de mentoria, uma pessoa tinha a intenção de captar recursos com a Arcos Dourados, representante do McDonald’s no Brasil e na América Latina. Marcos a orientou que buscasse o relatório de sustentabilidade da Arcos, a fim de verificar em quais temas estavam focados.
O resultado da consulta foi que um dos temas relevantes para eles era a geração de empregos: queriam criar dez mil vagas no país.
Assim, ele identificou que estava claro o caminho a ser seguido: facilitar o alcance daquela meta através de sua atividade de impacto.
Ao capacitar jovens para o mercado de trabalho, a organização da pessoa mentorada contribuiria para um aumento da mão de obra qualificada e motivada, a qual preencheria as vagas de emprego.
A proposta foi acolhida e a Arcos Dourados investiu em programas de capacitação, como cursos de administração, marketing e finanças, que ajudaram a preparar os jovens para trabalhar no McDonald’s.
Hoje, anos depois, podemos ver o sucesso dessa estratégia, com milhares de jovens capacitados, trabalhando na Arcos Dourados e contribuindo para o crescimento da companhia e da economia local.
Dicas para organizações sociais conseguirem mais parcerias com empresas
Juliana de Paula constatou que a responsabilidade social corporativa está cada vez mais forte. Consequentemente, essa condição pode ajudar organizações sociais a atrair investimentos.
Ela explicou, ainda, a importância de um portfólio bem estabelecido para mostrar como a organização pode ser uma solução. Além disso, destacou a importância de todo empreendedor e gestor se manter atualizado e de valorizar o próprio empreendimento:
1. Manter-se atualizado sobre as tendências de negócios
“É importante participar de eventos, ler, conversar com pessoas de empresas, até mesmo aquelas do setor público. Além de pessoas que estão atuando com investimento de impacto, para poder falar a mesma língua que as empresas.”
2. Valorização do próprio negócio social
“Muitas vezes, acabamos não nos valorizando tanto porque uma empresa disse não. Pense que você está trabalhando em uma solução para um problema social do Brasil. Se uma empresa não acreditou no seu trabalho, outra acreditará.”
ESG e Ago Social
De acordo com o que vimos, por ser o ESG uma tendência em ascensão no mundo dos negócios, os empreendedores socioambientais precisam estar atentos a essa agenda para conseguir captar investimentos e crescer.
Sendo assim, se você ficou interessado em saber mais, assista ao evento Ago Talks #2 na íntegra.
Para entender melhor como o ESG pode ajudar o seu negócio social, deixe a sua dúvida nos comentários!