Dentro da programação de aulas especiais para a rede Mapa do Empreendedorismo Socioambiental da Ago, Lina Useche, professora das formações da Ago e cofundadora da Aliança Empreendedora, apresentou a live “As Armadilhas da Jornada Empreendedora Socioambiental”.
Lina apresentou a Teoria da Resiliência, comentando sobre os ciclos da vida de uma organização. O propósito de entender a maturidade do negócio, inserido na teoria, é imprescindível para traçar estratégias adequadas para cada contexto e etapa do ciclo.
Com esses e outros conhecimentos, a professora mostrou que cada situação requer um posicionamento diferente perante o ecossistema de inovação social.
Acompanhe a seguir as ideias partilhadas e os aprendizados construídos na aula!
O pulsar da vida da organização!
Lina abriu sua explicação comparando uma organização a um organismo biológico:
A vida organizacional, assim como a biologia, tem diferentes momentos: um organismo nasce, cresce, atinge a velhice e morre. Por sua vez, uma organização é lançada na fase de protótipo, cresce, atinge a maturação e um posterior declínio.
Dessa forma, o declínio significa obsolescência. Para escapar dessa etapa e da perda de dinamismo, o empreendimento precisa se adaptar e se reinventar. Em termos mais específicos, o time empreendedor precisa entender a fase e o contexto em que a organização se encontra e, a partir dessa autorreflexão, a adaptação organizacional se torna facilitada!
Diante disso, a Teoria da Resiliência se propõe a entender e interpretar a evolução e adaptação de negócios. Assim, chega-se ao termo conceitual “ciclo adaptativo”, o qual promove essa interpretação: cada organização passa por um ciclo adaptativo constituído pelas fases de exploração, conservação, desapego (destruição criativa) e reorganização.
O que faz sua organização se adaptar ao mercado?
A forma de passar pelos estágios do ciclo adaptativo pode refletir no nível de adequação às circunstâncias que envolvem qualquer negócio. Por isso, é importante conhecer cada uma dessas fases:
1.Exploração
É a fase em que a organização identifica um problema e uma solução. Pode ser um novo produto ou a abertura de uma nova frente de atuação numa empresa, por exemplo. Flexibilidade, empreendedorismo, prototipagem, teste e validação são as palavras que sintetizam essa fase! Consiste em explorar recursos.
Neste momento, a organização pode lidar com a “síndrome do fundador”, também conhecida como “carisma do eterno protótipo”. Esse problema pode gerar uma eterna prototipação, ou seja, de ajustes e melhorias intermináveis na ideia inicial, sem resultados efetivos, sem escala e resultados sistematizados. Um exemplo concreto seria a de uma organização que realiza diversos testes para validar um produto com o mercado e nunca sai do ciclo de ideação. Sempre tem uma novidade ou uma nova ideia! Com essa perda de foco, os esforços não são direcionados. A superação desse problema acontece com a sistematização de conhecimentos, gestão, organização de procedimentos e desenho de processos. A formalização de estrutura (burocracia) ajuda a direcionar esforços para o alvo mais assertivo.
2.Conservação
É o momento em que a organização usufrui de procedimentos, processos, boa reputação, muitos contratos, métodos e uma gestão eficaz. Ela já consegue capitalizar inteligência em processos para avaliar impacto socioambiental e tomada de decisão. Ainda, os financiadores entendem a organização como uma entidade com inteligência agregada. Em outras palavras, as bases estão consolidadas!
O problema dessa etapa é a “armadilha da rigidez”, quando não há espaço para inovar. A rigidez institucional compromete o crescimento e a escala. Logo, pequenos ciclos de inovação dentro da organização devem ocorrer para manter a adaptação.
A Aliança Empreendedora, por exemplo, sabe qual metodologia faz a diferença na vida dos empreendedores. Ela sabe sistematizar a inteligência de impacto e precificar. A partir desses processos sistematizados, conta com uma boa margem de manobra para inovar continuamente. Até porque a “armadilha da rigidez” faz com que organizações deixem de escutar pessoas, beneficiários, times e financiadores. Não há espaço para testagem e segurança psicológica.
Uma das estratégias eficazes para combater essa cristalização institucional é contar com diversidade nos times. O diverso é um capital útil para cocriar inovação e novas perspectivas.
3.Desapego (Destruição criativa)
Aqui a organização enfrenta crises existenciais e o desapego de crenças. As bases de teorias que sustentam o negócio precisam ser substituídas por outras, o que pode levar à insegurança.
A Aliança Empreendedora, por exemplo, se desvencilhou de apoiar empreendedores com planos de negócios tradicionais para investir na teoria do Effectuation. Deste modo, a armadilha dessa etapa é a chamada “crise existencial”. Para driblá-la, a instituição precisa encontrar novas bases e premissas nas quais se apoiar.
4.Reorganização
No último estágio do ciclo adaptativo da jornada empreendora, a empresa precisa encontrar novas bases para se sustentar. Nesse processo, lida com muitas opções, possibilidades, flexibilidades e escolhas. Os times precisam conhecer novas pessoas e fazer cursos para se atualizar, por exemplo. É uma fase que precisa ser rápida! A “armadilha da pobreza” é o problema que ameaça a evolução do empreendimento nesta hora. Com muitas opções para explorar, a organização acaba lidando com o problema do tempo finito. Afinal, o negócio precisa escolher sabiamente o tipo de oportunidade mais sintonizada com ela.
Fazer escolhas é saber dizer “não” para algumas coisas e “sim” para as prioridades. Nascer e renascer para se adaptar sempre!
O maior aprendizado da jornada empreendedora
A partir desse conhecimento, conclui-se que as organizações podem sempre se revigorar com boas práticas inovadoras sustentadas por teorias fundamentadas. Neste sentido, reconhecer sua etapa dentro do ciclo de vida acaba gerando insights para aprimorar a tomada de decisões.
Afinal, a inovação precisa ser um esforço bem direcionado e efetuado com um risco calculado.
Autor: Felipe Gruetzmacher é copywriter da ASID Brasil e da Perto Digital. Ama escrever e comunicar! Sonha em construir um mundo melhor com a escrita.