Entre os dias 8 e 11 de abril, Curitiba foi palco do Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE) 2025 – maior evento de gestão para o Terceiro Setor na América Latina, realizado pela Rede Filantropia. Com mais de 1.500 participantes de todo o país e cerca de 140 palestrantes nacionais e internacionais, o encontro proporcionou quatro dias de debate e imersão em temas cruciais para o fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Neste artigo, separamos alguns dos assuntos que foram destaque e que são indispensáveis para as instituições avançarem em suas gestões. Confira!
- Voluntariado Corporativo e o alinhamento com os ODS
- Captação de Recursos: Autoconhecimento e Estratégia
- ESG: Parcerias Estratégicas e Comunicação Eficiente com Empresas
- COP 30: Engajamento Local com Impacto Global
- Inteligência Artificial: Ferramenta para Impacto Social
- FIFE 2025: Espaço de Aprendizado

Voluntariado Corporativo e o alinhamento com os ODS
O voluntariado corporativo foi destaque durante o FIFE 2025. Afinal, ele é uma ferramenta estratégica para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O Fórum dedicou um dia completo para tratar desse tema, e entre os pontos abordados estava o desafio de maximizar o impacto do voluntariado nas empresas. Os debates apontaram o quanto é essencial que as lideranças atuem como mobilizadoras, promovendo experiências com significado para suas equipes. Além disso, é importante apresentar dados que reforcem a credibilidade dessas ações.
Para o sucesso dessa estratégia, as empresas devem disponibilizar tempo para o planejamento e a execução das atividades voluntárias, enquanto as OSCs precisam estar preparadas para receber e orientar os voluntários adequadamente.
Captação de Recursos: Autoconhecimento e Estratégia
A captação de recursos eficiente requer um autoconhecimento profundo por parte das OSCs. É fundamental que os objetivos e processos estejam alinhados com a realidade da organização e com sua causa. As palestras e debates no FIFE 2025 reforçaram que um processo de captação bem estruturado deve considerar todos os elementos envolvidos, desde os serviços oferecidos até os recursos humanos e materiais disponíveis.
A definição de fontes e estratégias adequada requer analisar e identificar, por exemplo, variáveis como volume pretendido, recorrência necessária do valor captado, destino do recurso e recursos humanos e operacionais já disponíveis na organização. Além disso, a diversificação de fontes também contribui para a sustentabilidade dos projetos.
Um conteúdo que pode ser muito útil é o Programa Captação Inteligente, da Ago Social. Além de ser gratuito, ele orienta sobre os principais desafios enfrentados pelas organizações para a captação de recursos. Outra fonte de informação é a matéria especial publicada na edição n° 4 da revista AGORA, que mostra caminhos para uma captação inteligente.
ESG: Parcerias Estratégicas e Comunicação Eficiente com Empresas
O conceito de ESG (da sigla em inglês que significa Ambiental, Social e Governança) foi tratado no Fórum não só como uma estratégia de sobrevivência das instituições sociais, mas como um caminho para geração de valor.
A partir do momento em que as OSCs passam a compreender os critérios e estratégias de ESG das empresas, se torna possível identificar afinidades com suas causas e serviços e buscar formas de agregar valor a essas iniciativas corporativas. Em outras palavras, as estratégias de ESG têm a chance de se tornar fontes de recursos para as organizações. Para isso, no entanto, é crucial aproximar-se das empresas propondo projetos capazes de apoiar e complementar as estratégias dos parceiros corporativos.
Ainda durante o FIFE 2025, a governança eficaz foi apontada como um diferencial para as próprias OSCs que desejam estabelecer parcerias com o setor empresarial. Afinal, quando existe organização interna, transparência e alinhamento aos padrões organizacionais e à linguagem utilizada pelas empresas, isso aumenta as chances de afinidades e parcerias bem-sucedidas.
COP 30: Engajamento Local com Impacto Global
A preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP 30, que acontecerá em novembro na capital paraense, Belém, também esteve no centro das discussões do FIFE 2025.
O mais importante evento do mundo sobre a emergência climática é uma oportunidade para as OSCs promoverem estudos e conscientização locais sobre temas como financiamento climático, transição para economia verde e justiça climática.
Especialistas no tema mostraram que mesmo sem a presença física no evento, é possível às organizações estruturar alianças e debates que contribuam para as discussões globais.
Inteligência Artificial: Ferramenta para Impacto Social
No último dia do Fórum, o Canal SabIAr lançou a pesquisa “Como o campo social brasileiro está usando a inteligência artificial”, revelando que as principais aplicações da IA nas OSCs incluem comunicação, criação de conteúdo e elaboração de relatórios.
A pesquisa também indicou vantagens na utilização dessa ferramenta, como o aumento da produtividade e da criatividade da equipe. Outros dados mostraram que entre os principais desafios para a utilização das IAs estão a falta de conhecimento técnico, o orçamento limitado e as preocupações com privacidade e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A pesquisa completa traz insights importantes para orientar planejamentos e a formas de uso da inteligência artificial no Terceiro Setor, e pode ser acessada gratuitamente.
FIFE 2025: Espaço de Aprendizado
O FIFE 2025 mostrou que o futuro do Terceiro Setor depende de uma atuação cada vez mais estratégica, colaborativa e inovadora. O fortalecimento das OSCs passa pelo alinhamento com pautas globais como os ODS e o ESG, pelo uso inteligente da tecnologia, como a IA, e pela construção de redes sólidas com empresas, governos e a sociedade civil.
A edição do ano que vem acontecerá em Recife (PE), de 14 a 17 de abril. Até lá, as organizações precisam manter em mente que, diante dos desafios sociais e ambientais, é preciso coragem para inovar, disposição para colaborar e estratégia para transformar.