“Negócios sociais se constituem em empreendimentos cuja missão é o impacto social, e são importantes na medida em que contribuem para a melhoria de vida de muitas pessoas, ao colaborar para a diminuição do impacto das desigualdades sociais”.
Muhammad Yunus
O grande desafio de empreender em negócios sociais no Brasil e no mundo, está em manter o foco na geração do impacto social e, ao mesmo tempo, obter receita, para que o negócio seja sustentável e capaz de promover a redução das desigualdades sociais, sua principal missão.
No entanto, como combater as ideias pré-existentes de retorno do investimento com obtenção de lucro?
Pesquisas demonstram que é preciso ter um pensamento mais amplo. É necessário pensar além do empreendedorismo tradicional para ser capaz de enxergar as novas possibilidades e necessidades da sociedade como um todo, ampliando o foco para gerações futuras, a fim de romper com as desigualdades, oferecendo oportunidades de crescimento e superação.
A mudança tem que vir na ideia do negócio social, na definição do impacto a ser gerado.
O consultor britânico Simon Sinek, evidenciou, em uma palestra apresentada em 2009, que isso pode ser bastante simples: basta pensar no propósito social em primeiro lugar, ou seja, pensar na razão de empreender e, nos caminhos possíveis para alcançar os resultados sociais almejados. para isso é necessário focar primeiro no porquê fazer. Decidido o porquê basta consolidá-lo sem o perder de vista.
A preservação do propósito depois que as primeiras metas são atingidas é essencial, pois o desafio de empreender em negócios sociais passa pelas mesmas agruras do empreendedorismo nas demais áreas: nos primeiros anos a principal questão pode ser a de sobrevivência financeira, só que com um diferencial, que é o de manter o equilíbrio entre gerar receita sem se deixar seduzir pelo sucesso econômico ou pela filantropia.
É essencial preservar o propósito para que ele não tenha um olhar apenas capitalista.
Fernanda Andreazza*, explica que: “somente uma administração sólida será capaz de gerir um planejamento estratégico de impacto social a longo prazo”. Ela coloca também que a possibilidade de enxergar a mudança social gerada, através de métricas passíveis de ser mensuradas, trará a energia necessária para que a missão do negócio não se perca.
Apesar de parecer complexo, vivemos em um mundo de grandes transformações, onde é cada vez maior o número de consumidores conscientes, os quais não buscam apenas o melhor produto ou o melhor preço, mas sim a melhor empresa e o conceito de excelência empresarial hoje se está na capacidade de conciliar bem-estar social e qualidade.
*Fernanda Andreazza
Empresária Advogada do Setor, Acadêmica e Investidora Social
Sócia do escritório Arns de Oliveira & Andreazza Advogados Associados (OAB/PR 1.311). Formada em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba (1995). Pós-Graduada em Direito Processual pelo Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos – IBEJ/PR (1996). Pós-Graduada em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET (2013). Professora convidada da pós-graduação da FAE Business School em Direito do Terceiro Setor e Organizações Empresariais (2016 – até o momento). Foi membro da Comissão de Acessibilidade da OAB/PR e da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/PR. Atua em Direito do Terceiro Setor, Direito Tributário, Negócios Sociais, Empreendedorismo e Governança para o Terceiro Setor e Negócios de Impacto.