Onde você estava naquela sexta-feira, 13 de março de 2020? Tenho certeza que você se lembra.
A COVID-19 chegou do nada – pelo menos na nossa percepção.
As ONGs viraram, literalmente do dia para a noite, quartéis-generais de combate à pandemia.
Os meses seguintes foram de muita luta e resiliência.
No fim, sobrevivência e receio de um 2021 que já nasce com incertezas.
O que podemos aprender com 2020?
Apesar de muito duro, acredito que 2020 seja um ano de muitas lições para o terceiro setor.
Listo abaixo 3 aprendizados que podem te ajudar no próximo ano: Diversificar, fortalecer e planejar
Diversificar
2020 mostrou como é importante diversificar as fontes de captação de recursos.
A pandemia redefiniu grandes fluxos de doação, comprometendo a sobrevivência de organizações dependentes de poucos financiadores.
Um grande doador, mesmo antigo e parceiro, pode sair a qualquer momento. Se você depende deste dinheiro, pode ser o fim do sonho.
Busque novas fontes continuamente
Aproveite 2021 para diversificar a captação de recursos da sua organização.
Há mais de uma dezena de formas de ter acesso a recursos financeiros. Não se acomode com as que você conhece e com os doadores que você já tem.
Faça campanhas, eventos (on-line também conta), venda produtos, pesquise sobre fundos patrimoniais, crie um programa de doadores mensais. São muitas opções!
Diversifique para tornar sua organização ainda mais resiliente em 2021.
Fortaleça
A COVID-19 gerou uma situação paradoxal: enquanto as doações empresariais tiveram um aumento significativo, 46% das organizações sociais chegaram ao segundo semestre de 2020 com recursos para apenas mais 3 meses de funcionamento.
Como isso foi possível?
As ONGs receberam volume inédito de doações para iniciativas emergenciais, mas não para os custos institucionais.
Como você bem sabe, uma coisa é dinheiro para projetos, outra é dinheiro para cobrir salários, aluguel, contador e demais custos fixos da organização.
Cada vez que uma ONG executa um projeto, emergencial ou não, sem receber recursos para seu funcionamento, pode estar se enfraquecendo – mesmo que pareça o contrário.
E foi isso que aconteceu na pandemia.
As organizações sociais foram ferramentas para combate à COVID-19, sem contrapartida financeira para sua sustentabilidade.
É necessário se fortalecer
Para 2021, insira nos projetos, emergenciais ou não, seus custos institucionais.
Não há nada errado nisso. Se uma grande empresa quer doar cestas básicas para 100 famílias através da sua ONG, você deve receber por isso.
Afinal, você tem que bancar custos fixos para viabilizar essa doação. Se eles não forem cobertos pela empresa, acabarão sendo absorvidos pela organização.
Lembre-se que sua ONG só sobreviverá em longo prazo se tiver os custos institucionais equacionados. Trabalhar de graça, apenas pela missão, não é sustentável.
Planejar
Participei dos planejamentos de captação de recursos de três organizações no começo de 2020. A pandemia, claro, fez com que nenhum fosse cumprido.
Isso mostra que não é útil planejar-se? Acho que é o oposto.
Organizações que se planejam tem uma gestão mais sólida para enfrentar grandes crises. Elas sabem onde o calo vai apertar, quando é para acelerar e quando é para frear.
Planejar é especialmente importante em 2021, ano de uma retomada incerta, com cenário econômico recessivo.
Faça um planejamento
Crie um planejamento para 2021. Sente com a sua equipe, reafirme (ou reestruture) missão, visão e valores. Revise estratégias.
Você só vai alcançar o impacto social que deseja com resultados consistentes em longo prazo.
E isso só virá com planejamento.
Desejo que o próximo ano seja próspero para todos nós!
Tenho certeza que, no fim das contas, 2020 será lembrado como um ano duro, mas de muitos aprendizados!